Bolsas despencam na Europa e na Ásia como reflexo da crise em Wall Street

15/09/2008 - 9h52

Da Agência Brasil

Brasília - Os desdobramentos dofim-de-semana no mercado financeiro norte-americano refletiram nos indicadores na Ásia eEuropa hoje (15). À exceção de China, Japão,Hong Kong e Coréia do Sul – onde o mercado não estáem funcionamento por conta de um feriado – as bolsas caíramfortemente. As informações são da BBC Brasil.No que já estásendo considerado como as últimas 24 horas maisextraordinárias em Wall Street desde os anos 1920, o bancoLehman Brothers – quarto maior banco de investimentonorte-americano – anunciou que vai pedir concordata depois de perdas milionárias relacionadas a valoreshipotecários.O anúncio vinhasendo aguardado ansiosamente por investidores e por cerca de 25 milfuncionários e representa mais um sinal negativo para aconfiança dos mercados – e não foi o único dofim de semana. Outrainstituição-símbolo de Wall Street, o bancoMerrill Lynch, concordou em ser vendido para o Bank of America porcerca de US$ 50 bilhões para evitar prejuízos maiores.Notícias dão conta ainda de que a seguradora American International Group (AIG) pediuao banco central americano, o Federal Reserve, um empréstimode US$ 40 bilhões.Nos mercados da Ásia,as notícias chegaram mais cedo, empurraram as bolsas parabaixo e fizeram o dólar cair 2,7% em relação aoiene japonês – a maior variação diáriadesde o início de 2002. A bolsa das Filipinas perdeu 4,2% e oprincipal indicador da Austrália conseguiu reverter perdasiniciais e encerrou em baixa de 1,8%.Na Europa, a Bolsa de Londres caía 3,42% às 6h37(horário de Brasília), com 5.231,30 pontos; a de Paris despencava 4,29%, com 4.146,70 pontos e a de Frankfurt recuava 3,34%, com 6.026,37 pontos.“É um períodosurpreendente esse que estamos vivendo. Essa combinaçãode fatores representa o fim de uma era dos bancos de investimento namaneira como operavam. Nunca vi isso em toda a minha vida”, disseJustin Urquart, diretor da Seven Investment Management. Para o analistafinanceiro Ralph da Silva, notícias como essas não sãovistas em todo o século. Ele avalia, entretanto, que ninguémestá realmente surpreendido com a redução donúmero de bancos e que o que surpreende é a velocidadecom que o processo está ocorrendo. “Na indústriabancária, esse tipo de coisa leva anos – não dias”,afirmou. A crise nos Estados Unidos, que já completou um ano, se intensificou porque vários credores do setor imobiliário deixaram de pagar suasdívidas. Eles estão no grupo do subprime, um tipo de mercado que nãoexige garantias como comprovante de renda. Como se trata de umaoperação de alto risco, os empréstimos são feitos a taxas bastanteelevadas. O retorno para o investidor é bom, mas arriscado.Osbancos, que emprestaram muito aos mutuários, não receberam. Em conseqüência, as instituições e os investidores do mundointeiro que emprestam aos bancos também não recebem e sofrem o efeitodominó. Nos dois últimos dias, bancoscentrais de vários países colocaram mais de US$ 300 bilhões para ajudaros bancos a manter seus empréstimos, já que os investidores estãotirando seu dinheiro do mercado de crédito para aplicar em outrossetores mais seguros, como ouro ou títulos públicos.