Para Vicentinho, "pelegos e conservadores" impedem ratificação de convenção da OIT

26/06/2008 - 21h10

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ex-presidente daCentral Única dos Trabalhadores (CUT), o deputado federalVicentinho (PT-SP) afirmou hoje (26) que políticos,influenciados por “sindicalistas pelegos e conservadores”, são osresponsáveis pelo fato de o Brasil não ter ratificado ainda aconvenção nº 87 da OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT). Eles temem, segundo o parlamentar,perder a arrecadação do imposto sindical.O texto da convençãoestabelece que todos os trabalhadores e empregadores têm odireito de constituir organizações e de afiliar-se ainstituições de forma livre, sem ingerência ouintromissão do Estado. A matéria está parada hádécadas no Congresso Nacional."A convenção87 não vai para frente porque uma parte do movimentosindical não quer. Não tem coragem de dizer, mas nãoquer. Liberdade e autonomia sindical significam que o movimento temque se auto-sustentar através de decisões democráticaso que significa fim do imposto sindical. Então uma parte [domovimento] que existe só por causa de imposto faz lobbypara permanecer como está hoje”, disse Vicentinho ao deixara cerimônia de lançamento do Relatório Global Aliberdade de Associação e a Liberdade Sindical naPrática: Lições Aprendidas, divulgado pela OIT. Na solenidade, Vicentinho representou a Comissão de Trabalho, Administraçãoe Serviço Público (Ctasp), da Câmara dosDeputados. “Seria bom que [a ratificação daconvenção nº 87] passasse igual quiabo, massindicalistas conservadores influenciam vários deputados. Aconvenção avança nas relaçõesentre capital e trabalho, impedindo que prevaleçam posturasindividuais desta ou daquela empresa ou organização.Temos que ir aos poucos introduzindo projetos para que a genteevolua”, ressaltou o deputado.Sem demonstrar muito otimismo, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Antônio Medeiros, também presente ao evento da OIT, ressaltou que uma decisão sobre a ratificação da convenção nº 87 cabe ao Congresso Nacional, mas admitiu que o governo federal pode fazer pressão. "O governo é a favor [da ratificação]. Vamos ver o que podemos fazer", disse Medeiros, para quem já existe no Brasil ampla e irrestrita liberdade sindical.