Ex-presidente do Metrô presta depoimento à polícia sobre acidente na estação Pinheiros

26/06/2008 - 20h50

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ex-presidente do Metrô Luiz Carlos David prestou depoimento hoje (26) à polícia sobre o acidente ocorrido em janeiro do ano passado na estação Pinheiros do metrô e que provocou a morte de sete pessoas. O depoimento foi dado ao delegado Eduardo Aoki da 3ª Delegacia Seccional, na zona oeste da capital paulista, e durou cerca de uma hora e meia.Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), 80 pessoas já foram ouvidas pelo delegado, que afirma que “o inquérito está caminhando conforme o previsto”. O conteúdo do depoimento e a previsão de término das investigações policiais não foram divulgados.No dia 6 de junho, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) entregou ao Metrô o laudo final sobre o acidente na estação Pinheiros. De acordo com o laudo, que pode ser consultado resumidamente em vídeo no site do Metrô (www.metro.sp.gov.br), o colapso do túnel de obras da estação Pinheiros poderia ter sido evitado se “tivessem sido tomadas as ações corretas”.De acordo com o IPT, a investigação mostrou “não conformidades no processo de construção” e destacou como possíveis causas para o acidente: a inversão da escavação; a escavação além do previsto da rampa de acesso ao túnel no projeto; a não-consideração das características geológicas do terreno durante a obra; a dimensão menor do que a prevista nas placas de concreto para apoio das cambotas; a deficiência de fiscalização e de controle de auto-certificação; a presença de água acima da calota, embora o projeto previsse que o túnel fosse escavado na condição drenado, isto é, sem pressão de água acima dela; e a inexistência de gerenciamento de risco em condições de prover segurança adequada nas frentes de obra e na população vizinha.Ainda segundo o laudo, em janeiro do ano passado, dias antes do acidente, a escavação avançou em direção ao poço numa velocidade 70% maior do que a utilizada em dezembro do ano anterior. Às 14 horas do dia 12 de janeiro, os trabalhadores da obra observaram trincas no interior do túnel e na parede do poço e se retiraram do local. “Às 14h53 ocorreu o colapso total do túnel da estação. Nenhum trabalhador que se encontrava no interior do túnel sofreu qualquer ferimento, entretanto, houve sete vítimas que estavam na superfície. Não havia um procedimento formal, sistematizado e estruturado para gestão de risco, plano de contingência e plano de emergência”, conclui o laudo do IPT.Um novo laudo sobre o acidente ocorrido na estação Pinheiros vai ser apresentado na próxima semana pelo Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras. O laudo foi elaborado pelos próprios técnicos do consórcio e pretende discutir e contestar alguns dos pontos apresentados no laudo do IPT, como o que aponta a inexistência de um plano de contenção de acidentes. Em agosto, um outro laudo, elaborado pelo Instituto de Criminalística (IC), também deve ser divulgado.As obras na estação Pinheiros foram retomadas na segunda quinzena de maio deste ano, após autorização da Superintendência Regional do Trabalho e do Emprego. Segundo o Metrô e a assessoria do Consórcio Via Amarela, as obras da linha 4-amarela seguem em ritmo normal em 26 frentes de trabalho. A expectativa do Metrô é que a linha 4 transporte mais de 1 milhão de pessoas quando estiver com as 11 estações previstas operando, em 2013.