Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O subsecretário de Promoção eDefesa dos Direitos Humanos da Presidência da República,Perly Cipriano, e o ex-secretário Nilmário Miranda defenderam hoje (26) a abertura de todos osarquivos da repressão e a responsabilização dostorturadores da época da ditadura. Cipriano e Nilmáriofalaram sobre o tema O Direito à Memória e àVerdade durante encontro promovido em Curitiba pelo Grupo TorturaNunca Mais.Perly Cipriano disse que a riqueza de um paísé seu povo e o principal patrimônio, sua cultura, suahistória e sua tradição. "É precisoresgatar a história dos que viveram o regime civil-militar de1964. Anistia não é esquecimento, é continuidadede luta. É reconhecer que alguém foi vítima doEstado, e o Estado precisa reparar o que fez, com a verdade.” De acordo com Cipriano, já existe um bancode dados de DNA, o que dá uma elasticidade para que os corposdos desaparecidos sejam encontrados, identificados e enterrados,direito de qualquer parente. “São 60, 70 mil processos depessoas que vão ingressar ou já ingressaram com pedidode reparação na Comissão de Anistia”, informouo subsecretário. Ele defendeu a necessidade de uma mobilizaçãonacional nas escolas, sindicatos e associações, em todoo país, “para que todos conheçam a tragédiaque foi a ditadura militar”.Para Nilmário, a anistia política,que fará 30 anos no próximo ano, permanece incompleta,restrita. “Os direitos estão acontecendo gradativamentedesde 1979. Primeiro, ficaram de fora os mortos sob tortura, osdesaparecidos políticos. Numa segunda etapa, em 1995, elesforam reconhecidos e indenizados. Em 2002, foram anistiados osperseguidos no trabalho, no setor público e privado. Masprecisamos de mais.”Nilmário lembrou que, de 163 desaparecidosno Brasil, só três foram identificados até hoje eque tortura é crime que não prescreve.O encontro prossegue até amanhãquando estará em Curitiba a Caravana da Anistia do Ministérioda Justiça. Às 14h, começarão a serjulgados processos de perseguidos políticos do Paraná:Sebastiana Correia Bittencourt, Dimas Floriani, Gildo Scalco, RômuloDaniel Barreto de Farias, Regenis Bading Prochmann, AntônioJosé Messias e Horácio Martins de Carvalho.