Para CNA, apreensão de bois na Amazônia lembra uma "comédia ambiental"

26/06/2008 - 20h08

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente daComissão Nacional de Meio Ambiente da Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Assuero DocaVeronez, afirmou que o ministro Carlos Minc está criando um problema administrativoe político ao governo com a apreensão de bovinos daAmazônia. Segundo ele, a medida adotada lembra uma “óperabufa” ou “comédia ambiental”.No início do mêsforam apreendidas 3,1 mil cabeças de gado em uma fazendalocalizada dentro de uma estação ecológica naTerra do Meio, na região próxima ao município deSão Félix do Xingu (PA). Nesta semana, o ministro doMeio Ambiente detalhou a operação e disse que o “boipirata”, como ele denomina os animais localizados em áreasirregulares, seriam transformados em "churrasquinho do FomeZero".“Apreender boi nãoé apreender madeira. Esses bens apreendidos, com aparênciade ilegalidade, costumam ser alvo de questionamentos na Justiça,por parte dos proprietários. Como vai fazer no caso do boi?Precisa de manejo sanitário, pasto, alguém que cuide dobezerro. Quem vai fazer isso?”, indagou Veronez.Segundo ele, o Código Florestal Brasileiro, de 1953, é “velho” e “obsoleto”,e apresenta uma “discrepância enorme com o Brasil real”.Ele afirmou que, se o código for efetivamente aplicado, 80% daplantação de café no sul de Minas Gerais, maiorregião produtora do país, estaria irregular. Por isso,pediu cautela nas decisões do Ministério do MeioAmbiente, como a apreensão do “boi pirata”.“Eu desaconselharia aadoção dessa medida com a mesma veemência que oMinc a defende”, afirmou o representante dos produtores rurais. O presidente dacomissão também considera tímida a decisãodo governo de destinar cerca de R$ 1 bilhão, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para arecuperação de áreas degradadas. A medida deestímulo a essa prática está no Plano Agrícolae Pecuário 2008/09, que será anunciado no próximodia 2, em Curitiba.“Se o governo quermesmo recuperar a região, tem que ter uma política maisousada”, disse Veronez. Ele defendeu uma taxa de juros, para essetipo de empréstimo, de 3% a 4%, em vez dos 5,5% queserão ofertados pelo governo. Além disso, ressaltou anecessidade de subsídios para o frete de adubo e calcárioaos produtores. Veronez participou hoje (26) do semináriointernacional Agri Benchmark Beef Conference, na sede da CNA.