Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministroExtraordinário de Assuntos Estratégicos, MangabeiraUnger, reuniu-se hoje (26) com representantes da União Geraldos Trabalhadores (UGT), para debater as diretrizes para um projetode mudança das relações entre o trabalho e ocapital. Entre as propostascolocadas pelo governo estão a de resgatar a parcela dapopulação economicamente ativa que ainda trabalhainformalmente, a de reverter a queda da participaçãodos salários na renda nacional e a revisão do regimesindical.Segundo o ministro,para se chegar à convergência das três propostas épreciso que as centrais sindicais tenham o reconhecimento legal - oque já ocorre no país -, que se promova a substituiçãodo imposto sindical pela participação negocial, que sereconheça o principio de que no local de trabalho o sindicatoda categoria deve representar todos os trabalhadores, que sefortaleça o combate às práticas anti-sindicais eque se organize juridicamente o sistema de negociaçãocoletiva.“Esse projeto nãoé um amontoado de propostas desconexas. É um projetoabrangente e consistente e diverge até radicalmente dos doisdiscursos a respeito de trabalho que predominam ainda no país.O discurso da flexibilização, que os trabalhadoresinterpretam como eufemismo para descrever a corrosão dosdireitos deles e o discurso de direito adquirido, que resolve oproblema da minoria que está dentro do sistema, mas nãoda maioria que está fora”, afirmou Mangabeira Unger.Ele acredita que o paísestá pronto para uma grande mudança nas relaçõesdo trabalho com o capital. Mangaberia Unger disseque está dialogando tanto com sindicatos quanto comempresários, mas que não tem o intuito de delegartarefas a cada uma dessas instituições. “Em uma democracia asminorias organizadas não pactuam as leis que vãoregê-las, quem decide são as instituiçõesrepublicanas orientadas pelo interesse da maioria. Nósprecisamos consultar e engajar os trabalhadores e os empresários,e é isso que estou tentando fazer”.O presidente da UGT,Ricardo Patah, disse que a central sindical apóia asdiretrizes colocadas pelo governo, porque privilegiam a inclusãode parte da sociedade que ainda pode ser considerada excluída.Ele disse, no entanto,que a UGT teme a quebra da unicidade sindical. “Essa é umadas questões que nós colocamos como dúvida sobrenossa continuidade ou não nesse debate. Vamos continuar, masconstruindo com unicidade”, defendeu. Patah destacou que aUGT está preocupada com a desoneração da folhade pagamento, e que é favorável à contribuiçãodas empresas para a Previdência Social proporcional ao lucro. “Hoje as grandesempresas, com grandes produções, têm contribuiçãototalmente inadequada. Por outro lado, as micro e pequenas empresaspagam valores totalmente desproporcionais”, disse.