Alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar predominam nas propagandas de TV e revista

26/06/2008 - 17h44

Da Agência Brasil

Brasília - AUniversidade de Brasília (UnB) e o Ministério da Saúde divulgaram hoje (26), no auditório da OrganizaçãoPan-Americana de Saúde (Opas), o resultado de uma pesquisa que apontou que as propagandas que mais predominam nas TVs e revistas são as de alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar. Os anúncios de alimentosnas televisões correspondem a 9,7% do total e sua maiorfreqüência é registrada no período das 14h30 às18h30, com maior prevalência na rede de televisão acabo. Já as mídias impressas focam mais em revistasinfantis, para adolescentes e mulheres.

No estudoconstatou-se que os alimentos mais divulgados na mídia sãoprodutos que afetam a saúde e acarretam em doençascrônicas. Durante a divulgação dos dados, o Ministério da Saúde afirmou que 60% dos recursos do Sistema Único deSaúde (SUS) são gastos em tratamentos dehipertensão, diabetes e coronarianas.

Segundo acoordenadora geral da política de alimentação enutrição do Ministério da Saúde, AnaBeatriz Vasconcellos, os órgãos competentes pretendemrealizar campanhas de alimentação adequadas paraexecutar uma mudança nos hábitos da população,na intenção de reduzir o consumo desses mantimentos. Entretanto, a meta principal é efetuar revisões detodas as políticas legislativas que estão no CongressoNacional, relacionadas a esse tipo de propaganda.

Alémdisso, a reunião discutiu também a proposta de consulta pública da Agência Nacional deVigilância Sanitária (Anvisa), publicada em 2006, quedispõe sobre a oferta, propaganda e publicidade de alimentoscom quantidades elevadas de açúcar, gordura saturada,gordura trans e sódio.

Naavaliação da gerente de propaganda da Anvisa, MariaJosé Delvado, a consulta mudará os hábitos dosbrasileiros e irá privilegiar a saúde da população,principalmente das crianças que consomem esses alimentos,muitas vezes, induzidos pela mídia.

“Nós estamos estabelecendo critériosde propagandas ricas em gordura, sal e açúcar,justamente para que essas campanhas possam ter informaçãoimportante sobre o ponto de vista de saúde pública eque possam conter práticas implementadas neste segmento queinfluenciem e alterem significamente os padrões deconsumo”, disse.

Segundo adona de casa, Carmem Miranda, os meios de comunicação erram ao nãoequilibrar as informações, inclusive, nos comerciais. Ela disse que hoje é muito difícil fazer com que os filhos mantenham uma alimentação saudável. Para ela, a falta de tempo dos pais, a influência dos amigos na escola e a televisãosão aspectos que contribuem para que as crianças aprendam a consumir alimentos que nãosão saudáveis.“Em casa, quando tenho tempo, preparoum lanche mais saudável, mas quando eles chegam na escolatrocam os lanches com os coleguinhas por biscoito de chocolate, semcontar que a televisão passa toda hora propaganda de biscoitode super heróis, daí a gente acaba comprando paraagradar os filhos”, conta Carmem.