Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O advogado João Tancredo, representante dos familiares dos três jovens do Morro da Providência presos por militares e entregues a traficantes do Morro da Mineira, recebeu hoje (26) os documentos do processo criminal. Durante a análise, o advogado se disse chocado ao ver as fotos dos corpos dos três jovens, com sinais de tortura. Ele também chamou a atenção para os depoimentos dos militares, que disseram ter cumprido ordens de um tenente. "Ninguém é obrigado a fazer nada que não é em decorrência da lei. Se você se recusa a praticar um ato ilegal, você não tem nenhuma insubordinação. Isso choca. O que tem aqui choca, os corpos no meio do lixão em Gramacho, Caxias, choca. É impressionante, impressionante", disse o advogado.Com a documentação, João Tancredo vai entrar amanhã (27) com uma ação ordinária de reparação de danos materiais e morais. A ação vai pedir tratamento médico imediato aos familiares das vítimas. Segundo o advogado, as mães das vítimas precisam de tratamento psicológico com urgência. Também consta na ação pedido de pagamento das despesas com o funeral e sepulturas perpétuas.Os familiares das vítimas têm direito ainda a uma pensão correspondente ao valor de quanto cada jovem poderia contribuir financeiramente para sua família enquanto estivesse vivo, calculado com base numa tabela de expectativa de vida do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é de 72 anos.Os três jovens foram presos por militares do Exército e entregues a traficantes da Mineira no último dia 14, um sábado. Eles apareceram mortos no dia seguinte. Dois deles começariam a trabalhar como pedreiros nas obras da comunidade, na segunda-feira seguinte à morte deles, dia 16.