Mulher do deputado Paulo Pereira depõe na PF sobre fraude com recursos do BNDES

06/06/2008 - 21h19

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Elza de FátimaCosta Pereira, presidente da da organizaçãonão-governamental (ONG) Meu Guri e mulher do deputado federalPaulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT-SP), disse hoje (06) que está “colaborando com a polícia”e que teve a oportunidade de “esclarecer toda essa armaçãoque está sendo feita contra o nosso deputado”.A mulher de Paulinhoesteve na tarde de hoje na sede da Polícia Federal, em SãoPaulo, e prestou depoimento ao delegado Rodrigo Levin por cerca deduas horas. O conteúdo do depoimento de Elza Pereira nãofoi divulgado pela PF, já que a investigaçãocorre sob sigilo.A Meu Guri é suspeita de fazer partede um esquema para lavagem de dinheiro proveniente dos empréstimosliberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES). Uma das suspeitas é de que a ONG recebeu umcheque de R$ 37,5 mil de João Pedro de Moura, ex-assessor dePaulinho, ex-conselheiro do BNDES e um dos presos na OperaçãoSanta Tereza, que investiga um esquema de fraudes em empréstimosno BNDES, prostituição, lavagem de dinheiro e tráficointernacional de mulheres.Segundo o advogado de defesaAntonio Rosella, Elza Pereira esclareceu à PolíciaFederal que o cheque de R$ 37,5 mil recebido pela Meu Guri foi umadoação de Moura. A explicação éque Moura teria, inicialmente, doado um apartamento à ONG em2004. Como havia dívidas de condomínios e impostosatrasados e a ONG não conseguiu vender o apartamento, o imóvelvoltou a Moura em 2008. O ex-assessor de Paulinho decidiu, então,fazer a doação para a Meu Guri em dinheiro.“É uma doaçãode um imóvel, uma escritura pública de março de2004. E esta reversão da doação é quegerou um depósito de R$ 37,5 mil”, afirmou Rosella.O imóvel, emnome de Moura, está localizado na Rua Nicolau de SouzaQueiroz, no Edifício Monte Paraíso, no bairro daAclimação, em São Paulo. À AgênciaBrasil e à TV Brasil, que estiveram hoje (06) nolocal, a informação transmitida é de que setrata de um apartamento de um dormitório, de 37 metrosquadrados, avaliado em torno de R$ 120 mil, com condomínioestimado em R$ 350.Segundo informações,Moura viveu no apartamento por cerca de uma semana, poucos dias antesde ser preso pela Polícia Federal na OperaçãoSanta Tereza. Antes dele morar lá, o apartamento ficou vagopor anos. Ninguém no local soube informar sobre a existênciade dívidas de condomínios ou de impostos referentes aoapartamento de Moura.De acordo com Rosella, a Meu Guricomprou o terreno onde atualmente está instalada a sua sede -na cidade de Mairiporã - em 2000, pagando cerca de R$318 mil auma construtora, que era proprietária do terreno de 92 milmetros quadrados. O dinheiro para a compra do terreno, explicouRosella, foi obtido com doações e dinheiro obtido emrifas e jantares. Já parte da construção da sedefoi financiada com empréstimos do BNDES.“O BNDES recebeu oprojeto do Meu Guri em 1998. O projeto foi estudado pelo banco até2001 e o financiamento foi de um terço do valor da obrafeito”, disse o advogado.O projeto apresentadopela Meu Guri para obter o financiamento no banco foi elaborado poradministradores da própria ONG e por Moura. “Quem ajudou, naépoca, a elaborar todo o projeto e a documentaçãofoi o Moura”, disse Rosella. A Polícia Federal suspeita queMoura tenha feito uso de sua influência política parafacilitar a liberação de recursos no BNDES.Também prestouesclarecimentos na tarde de hoje à PF o presidente daConfederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicose do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo Eleno JoséBezerra. A Polícia Federal queria investigar a ligaçãode Bezerra com a ONG Instituto Brasileiro de Desenvolvimento ePesquisa Política, Social e Cultural do Trabalhador - Luta eSolidariedade, à qual presidiu e que a PF acredita terrecebido um cheque de R$ 82 mil no esquema.Bezerra também éatual tesoureiro da ONG Meu Guri. De acordo com Rosella, querepresentou Bezerra à PF, seu cliente não preside maisa entidade. A PF deve agora convocar o atual presidente da ONG paraprestar esclarecimentos.A PolíciaFederal recebeu hoje um pedido do presidente da Câmara dosDeputados, Arlindo Chinaglia, solicitando uma cópia dorelatório da Operação Santa Tereza.