BNDES pode participar como sócio de fábrica japonesa de semicondutores no Brasil

06/06/2008 - 20h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode participar,por intermédio de sua subsidiária BNDES Participações(Bndespar), como acionista do projeto de instalação deuma fábrica japonesa de semicondutores no Brasil.“O BNDES pode nãosó financiar, como a gente pode participar societariamente daindústria de semicondutor, por intermédio do braçode participações [do banco], que é aBndespar”, afirmou hoje (6) à Agência Brasil ochefe do Departamento de Indústria Eletrônica do banco,Maurício Neves.Ele lembrou que já háalgum tempo a instituição tenta fomentar operaçõesno setor de semicondutores no país. Em dezembro do anopassado, foi concedido pelo BNDES financiamento ao Centro deExcelência em Tecnologia Eletrônica Avançada doRio Grande do Sul (Ceitec) e à União Brasileira deEducação e Assistência da PontifíciaUniversidade Católica gaúcha (UBEA/PUCRS) para odesenvolvimento do primeiro chip para equipamentos de transmissãode sinais de TV Digital.Os recursos não-reembolsáveis,no valor de R$ 14,6 milhões, foram oriundos do FundoTecnológico do banco (Funtec). O Ceitec estádesenvolvendo também, em paralelo, uma fábrica desemicondutores que deverá entrar em operação emmeados de 2009.Ontem (5) , na Bahia, o ministro dasComunicações, Hélio Costa, teria informado queo BNDES poderá financiar até 100% do projeto da fábricajaponesa, estimado em cerca de US$ 700 milhões. A construçãode uma planta de chips funcionaria como uma contrapartida, aceitapelo Japão, quando o Brasil optou pelo padrão japonêspara a TV Digital.Dentro de duassemanas, uma equipe do ministério vai ao Japão paradiscutir a TV Digital. A delegação reforçaráa mensagem de que o BNDES poderá ser parceiro no projeto dafábrica de semicondutores, frisou Maurício Neves.Eleexplicou que o valor dos projetos da indústria de semicondutorvaria de acordo com a tecnologia usada e o modelo de negócios.Afirmou também que o custo do empreendimento nãopreocupa o banco. “A nossa preocupação não éexatamente com o valor. Com uma boa empresa do segmento desemicondutores, uma boa estratégia e um bom plano de negócios,o banco vai apoiar, financiando e participando societariamente,conforme o caso”.Dependendo do projeto, o valor pode sermaior ou menor. Maurício Neves analisou que US$ 700 milhões é um valor médio para projetos dessa área, quenão representa o “estado da arte”, uma vez que equivaleao de uma planta de semicondutores com tecnologia de processo quenão é considerada uma tecnologia de ponta.Nãoestá descartado também que o BNDES possa participar docapital com uma parte minoritária e financiar o restante.Maurício Neves advertiu, contudo, que a composiçãovai depender do valor da operação. E acrescentou que “as empresas que quiserem vir [para o Brasil], sejamjaponesas ou não, serão muito bem tratadas e terão prioridade na análise de projetos por parte do BNDES”.Ele admitiu que oBrasil está atrasado na área de semicondutores, emcomparação a nações como Japão eAlemanha, por exemplo. “Ainda há um longo caminho apercorrer”. Mesmo em relação ao chamado BRIC,conjunto de nações em desenvolvimento integrado porBrasil, Rússia, Índia e China, existe defasagem. AChina, por exemplo, tem um conjunto de fábricas em implantaçãoe tenta aproveitar o tamanho do mercado interno, “que érelevante para a indústria eletrônica”, paradesenvolver a parte de semicondutores.Em relaçãoà Índia, o chefe de departamento do BNDES revelou que aestratégia é focada mais na parte de projeto. Ou seja,os indianos desenvolvem mais empresas de “designs” desemicondutores do que fábricas. “Na parte de design, eles estão muito avançados. Em fábrica, eudiria que o Brasil talvez esteja um pouco à frente, dado quea gente tem um centro de referência, que é o Ceitec”.