Procurador-geral de Roraima é afastado do cargo por suspeita de envolvimento com pedofilia

06/06/2008 - 19h39

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O procurador-geral deRoraima, Luciano Queiroz, preso hoje (6) pela OperaçãoArcanjo, da Polícia Federal, por suspeita de envolvimento empedofilia, foi afastado do cargo. De acordo com nota divulgada pelogoverno do estado, se for comprovado o envolvimento do procurador comum esquema de pedofilia e tráfico de drogas no estado, ogovernador José de Anchieta Junior “adotará asmedidas administrativas apropriadas ao caso”. O comunicado diz tambémque o governador “lamenta e deplora” o episódio envolvendoo procurador-geral, mas justifica que não tem poderes paracontrolar a vida pessoal de assessores. A OperaçãoArcanjo foi realizada com apoio do Ministério Públicode Roraima e do Conselho Tutelar de Boa Vista, e revelou um esquemaque explorava sexualmente meninas com idade entre seis e 14 anos, eque contava com a participação de autoridades,servidores públicos e empresários de Roraima. De acordo com ocoordenador da operação, delegado Alexandre Ramagem, asoito pessoas presas foram indiciadas por formação dequadrilha, prostituição infantil, exploraçãosexual infantil, estupro presumido, atentado violento ao pudor ecorrupção de menores. Além disso, duas pessoasforam indiciadas por tráfico de drogas. Segundo ele, oprocurador-geral exercia o papel de cliente no esquema, mas tambémauxiliava no aliciamento. O major Raimundo Gomes,da Polícia Militar, que também foi preso, atuava naparte de aliciamento de crianças. Ao cumprir os mandadosde busca e apreensão, a Polícia Federal recolheuprincipalmente computadores e mídias para verificar se haviaaliciamento e publicidade por meio da internet. Ramagem nega que aprisão do procurador esteja ligada à sua atuaçãodurante a Operação Upatakon, destinada a retirar osnão-índios da Terra Indígena Raposa Serra doSol. “Nós tomamostodos os cuidados possíveis para angariar um conjuntoprobatório sólido, porque já imaginávamosessa hipótese de vinculação, pois se trata deuma pessoa pública que está defendendo interesses naquestão fundiária de Roraima”, afirmou. Queiroz foi quem deuentrada, em abril, na ação cautelar, com pedido deliminar, para suspender a Operação Upatakon. Além doprocurador-geral, e do major, a Operação Arcanjoresultou na prisão de um funcionário do TribunalRegional Eleitoral, de dois empresários e outras trêspessoas.O chefe de gabinete doComando-Geral da PM, major Magalhães Damasceno, disse que aPolícia Militar ainda aguarda informaçõesoficiais sobre a prisão do major Raimundo Gomes. Segundo ele,após receber essas informações, o comando da PMtomará as providências administrativas cabíveis,como a instalação de sindicância ou inquérito,levando em conta as prerrogativas do major. Já o TREinformou o técnico judiciário Hebron Silva Vilhena,preso na operação, é um servidor concursado eefetivo do tribunal, e por isso não pode ser afastado do cargoaté que as investigações sejam concluídas.