Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), MarcioPochmann, defende a criação da ContribuiçãoSocial para a Saúde (CSS). A proposta do novo imposto, quesubstituiria a Contribuição Provisória sobreMovimentação Financeira (CPMF), foi anexada àregulamentação da Emenda 29, que destina mais recursospara o setor.Segundo Pochmann, ao fazer a reforma tributária “é preciso olhar para ofuturo”, ou seja, a tributação também tem quese atualizar e substituir os antigos formulários por meiosmais modernos. Além disso, ele argumentouontem (5), que o novo tributo teria um papel importante nomonitoramento do sistema financeiro.“Pessoas que nãodeclaravam Imposto de Renda, mas tinham quantias enormes emcirculação no sistema financeiro só foramdescobertas com a existência da CPMF. Precisamos olhar o papelda tributação não apenas como valor dearrecadação, temos que observar também do pontode vista do monitoramento”, disse Pochmann. De acordo com ele, oBrasil vive uma experiência de pós-industrialização,em que se observa o aumento da prestação de serviços.Diante desse quadro, afirmou, seria “importante constituiruma estrutura tributária com base nesse futuro”.“Do ponto de vista deum tributo que custa pouco, não exige fiscalizaçãoe que viabiliza uma arrecadação quase que imediata, eleé, a meu ver, muito interessante e oportuno”, afirmou.O presidente do Ipea criticou a decisão do Comitê de PolíticaMonetária (Copom) de elevar a taxa de juros. Segundo ele, apostura do Banco Central indica que há uma concepçãode que a inflação no Brasil ocorre pela demanda e aelevação da taxa de juros desaceleraria o consumo naprodução. Para ele, o problema da inflaçãoatual não é de demanda, mas de custo.“A opçãopor utilizar fundamentalmente os juros pode ter efeitos dedesacelerar a inflação, mas terá efeitosmaiores, negativos sobre a produção, investimentos e nasociedade”.Segundo Pochmann, opaís teria outros caminhos melhores para conter a altainflacionária, como aumento de impostos, contençãodo crédito e ampliação das importações. “Inflaçãode custo se combate com outro tipo de ação e nãocom [elevação dos] juros”, disse o presidentedo Ipea, acrescentando que esse aumento pode interromper a formaçãodo ciclo de investimento.