Conferência GLBT é a primeira a receber apoio governamental

06/06/2008 - 7h53

Da Agência Brasil

Brasília - A ConferênciaNacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT), que começou ontem (5) à noite em Brasília, é a primeira do Brasil e do mundo realizada com apoio governamental. Cerca de mil pessoas debatem o tema direitos humanos ecidadania. A conferência foi precedida de encontros regionais que discutiram políticas públicas para o setor. O subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos, PerlyCipriano, disse que políticaspúblicas são necessárias para combater opreconceito e a discriminação tanto nas instituiçõesquanto na sociedade. "O preconceito existe, é na família,na comunidade, no local de moradia. É precisotrabalhar em todas as áreas e também nas instituições. Os três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - têm que estar juntos nessa mesma política discutindo com a sociedade de maneira articulada”. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Cipriano lembrou que quando um evento, como a conferência, tem o apoio do Estado, ele pode avançar e alcançar outros setores públicos ou da sociedade. “Na medida em que o Estado sepropõe a discutir, debater e encaminhar políticas, há umaspecto positivo; naturalmente ainda tem preconceito. É preciso ter leis adequadas, o Judiciário todo ainda está acompanhando e ajudando nesse sentido. O subsecretário disse ainda que já existe umamobilização grande no Brasil em torno do tema. Ele citou como exemplo a parada gay de São Paulo, com a  participação de 3,5 milhões de pessoas, considerada a maiormanifestação cívica no país. "Ali estão gays,lésbicas, travestis e transexuais, mas ali são pais emães heterossexuais. A humanidade tem algumas questões a seremresolvidas para que a gente consiga uma democracia plena, a homofobia (aversão ou discriminação contra homossexuais.) é extremamente grave e precisa ser combatida". Sobre o caso do sargento preso depois de assumir a homossexualidade, Cipriano acreditaque não existe nenhuma instituição homofóbica.“Não creio que exista uma instituição queseja homofóbica. Achoque é preciso conhecer de perto esses acontecimentos etrabalhar muito, é fundamental que se tenha o diálogo,não se combate intolerância com intolerância. No Brasil, há muito violência contra homossexuais, muitas vezes de pessoas com as quais eles convivem." O conjunto de sugestões aprovadas na conferência deve ser incluída no Plano Nacional de Cidadania da GLBT. “ Isso se daráse a sociedade estiver mobilizada. É isso que permite ter avanço e consolidar políticas. O Brasil jáavançou muito, mas não podemos ter a visão de queestá tudo resolvido.Essa conferência vai se refletir em todo o mundo. Muitos países estão aqui como observadores."