Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Melhorar o atendimento ao autista na rede do Sistema Único de Saúde foi o objetivo de reunião, hoje (26), entre representantes do governo e da sociedade civil, na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). "Precisamos dar um salto de qualidade no atendimento ao autista”, afirmou Pedro Gabriel Delgado, coordenador da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e Drogas do Ministério da Saúde. O autismo é um transtorno de desenvolvimento que se caracteriza por alterações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. O distúrbio ocorre em todas as camadas sociais e econômicas do mundo todo. E pode ser tratado: de acordo com Pedro Gabriel, os autistas precisam de acompanhamento contínuo e atendimento integral, além de uma forte participação da família e da sociedade.“Durante as discussões identificamos que nem todas as 300 mil pessoas portadoras de autismo têm tratamento assegurado em todas essas suas necessidades”, admitiu. Para mudar esse quadro, uma das principais medidas será melhorar a capacitação dos profissionais da rede pública para o diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo começar o atendimento, melhor o prognóstico. E com isso os familiares se sentirão mais amparados no enfrentamento do autismo”, avaliou.Pedro Gabriel informou que nas discussões de hoje foram identificadas duas necessidades que deverão ser sanadas ainda neste ano. A primeira delas é uma campanha de esclarecimento da população, sobre como identificar e tratar o autismo, "uma doença ainda desconhecida por grande parte da população, que a confunde com outras doenças mentais”. A outra será a organização de um mapeamento epidemiológico, com apoio do Ministério da Saúde e em parceria com universidades interessadas, para levantar a prevalência da doença no país. “Será um estudo inédito, porque não temos dados de âmbito nacional. É um estudo caro, que envolverá um grande esforço de recursos tecnológicos e financeiros”, disse. Entre as várias experiências relatadas durante o encontro, Sandra Rocha do Nascimento, musicoterapeuta da Sociedade Pestalozzi de Goiânia, destacou o programa Arindo os Canais de Comunicação no Autismo, uma parceria entre a Faculdade de Musicoterapia da Universidade Federal de Goiás e o Instituto Pestalozzi. E contou que é visível a diferença no desenvolvimento de um aluno que está somente no programa terapêutico e aquele que também freqüenta a musicoterapia. “Os resultados são muito rápidos, amplia a capacidade de entendimento e a de se comunicar. As resistências são diminuídas, assim como as dificuldades de se vincularem às pessoas, tornando-os mais tranqüilos e seguros frente aos imprevistos. É a livre expressão deles", avaliou.