Representantes do setor rural consideram positiva a proposta de renegociação da dívida

26/03/2008 - 16h38

Danilo Macedo*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entidades representantes do setor de produção agropecuária e parlamentares da Comissão de Agriculturada Câmara dos Deputados avaliam como positiva a propostade renegociação da dívida rural apresentadaontem (25) à noite pelo governo. Dos R$ 87,5 bilhões em débitos vencidos e a vencer estimados pela equipe econômica,o governo pretende repactuar até R$ 56,3 bilhões.

Esses representantes, no entanto, consideram que ainda há pontos a seremestruturados e que o governo deve ceder mais, reconhecendo o papel doagronegócio no crescimento do país. O deputado OnyxLorenzoni (DEM-RS), presidente da Comissão de Agricultura, informou queestá marcada para as 10h de amanhã (27) uma reuniãotécnica no Ministério da Fazenda, a fim de discutir soluções para pontos ainda divergentes, levantadas pelacomissão.

“O grosso dessadívida vence nos próximos quatro anos e éevidente que a produção rural não temcondição de pagar mais de R$ 20 bilhões nesseperíodo. Deve haver um alongamento disso para, efetivamente,obter aquilo que o governo quer: a adimplência dos produtores ea capacidade de eles voltarem a tomar o crédito rural, a ampliara área de plantio, a incorporar cada vez mais e melhorestecnologias, e a aumentar o volume de produção", afirmou Lorenzoni.

O diretor depolítica agrícola da ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), AntoninhoRovaris, disse que a proposta do governo contempla, em parte, asreivindicações dos pequenos produtores, mas precisa evoluir em pontos fundamentais.“É precisoum avanço significativo nesse processo de renegociaçãopara que, definitivamente, dê condições aosagricultores, especialmente os familiares e assentados, de honrarseus compromissos com a rede bancária. Cerca de 50mil contratos da agricultura familiar ficariam fora do processo derenegociação e entendemos que o governo precisa teruma ação mais concreta sobre isso”, afirmou Rovaris.

Já o presidente daComissão Nacional de Endividamento da Confederaçãoda Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), deputado HomeroPereira (PR-MT), destacou como ponto mais relevante da proposta a boavontade do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de manter um canalaberto de negociações.

Em alguns pontos, como as linhas de crédito para custeio e investimentos, entretanto, “a proposta foimuito acanhada, muito aquém das expectativas”, comentou.

Lorenzoni também confirmou para as 18h30 de segunda-feira a reunião de apresentação da proposta final de renegociação da dívida agrícola. E disse que o governo deve ter sensibilidade com o setor, pois ele“capitaneou e liderou toda a evolução que o Brasilteve nos últimos anos”.