Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Associação dos Funcionários da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (Aferj), José do Carmo, criticou a proposta aprovada pelo governo fluminense de expansão das florestas de eucalipto no estado. Ele participou de ato público de repúdio às monoculturas e ao financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor do agronegócio.A manifestação foi realizada hoje (26) em frente à sede do banco, pela Rede Alerta Contra o Deserto Verde Fluminense e do Espírito Santo, que é integrada por cerca de 21 movimentos sociais do campo.José do Carmo disse à Agência Brasil que além de ser um “crime contra a natureza”, a plantação de eucaliptos acarreta perdas aos produtores que optam por esse tipo de cultura em termos de diversificação e de áreas agrícolas. “A gente não concorda que esse tipo de expansão do eucalipto seja implantado em um estado como nosso, pequeno”.A Rede Alerta pretende ingressar com uma Ação de Inconstitucionalidadeno Tribunal Regional Federal (TRF) do Rio de Janeiro contra a leiestadual que aprovou, no ano passado, o plantio de eucalipto em largaescala no território fluminense, de até 400 hectares contínuos, pelaAracruz Celulose. A expansão da plantação pela empresa estaria isentado licenciamento ambiental, o que é contestado pelos manifestantes.A Aferj também defende que a agricultura fluminense seja reforçada. Para José do Carmo, a Emater-RJ está sendo desmantelada. “Ela está precisando de 400 funcionários e demitiu 190. Então, ao mesmo tempo em que permitem a expansão de monoculturas, em vez de fortalecer a produção da agricultura familiar, eles [governo estadual] diminuem as oportunidades e tiram as condições, porque a Emater-RJ é a empresa de assistência técnica e extensão rural ao agricultor familiar”, defendeu.José do Carmo afirmou também a necessidade de que o BNDES passe a financiar com prioridade a agricultura familiar e não as grandes empresas do agronegócio brasileiro. “Quando o BNDES financia essas culturas, diminui espaço da agricultura familiar”. Ele ainda citou que quando um pequeno produtor decide plantar eucalipto em sua propriedade, ele “deixa de produzir feijão, arroz, milho”.O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, não pôde se encontrar com os representantes dos movimentos sociais no campo porque se encontrava em Brasília, para reunião de trabalho. Em seu lugar, um comitê foi formado para atender os ativistas. O grupo - representado pelo diretor da Área Social, Élvio Gaspar, pelo chefe de gabinete, Paulo Mattos, o assessor da presidência, Ricardo Henriques, e o superintendente Administrativo, Carlos Roberto Audi - recebeu dos manifestantes uma carta de reivindicações.