Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A rejeição do requerimento de convocação da chefe da Casa Civil da Presidência da República, ministra Dilma Rousseff, causou reações no plenário da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos. O governo, que tem maioria na CPMI, brigou desde o início pela rejeição do requerimento. O líder do governo na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana (PT-RS), chegou a dizer que a convocação de Dilma seria a "politização" da CPMI. O relator da CPMI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), afirmou que a oposição queria a convocação da ministra para desestabilizar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), classificou de "tratoração" a derrota dos oposicionistas na votação do requerimento e disse que vai procurar "instâncias judiciais" para combater o que chamou de não-investigação: "Vou defender no meu partido que procuremos instâncias judiciais, algo que não quero, porque representa desprestígio à CPI. Mas se não temos saída, não podemos concordar com uma farsa."Antes da votação, durante o debate sobre o requerimento, o deputado Vic Pires (DEM-PA), distribuiu sorvete de tapioca aos parlamentares da CPMI. "Pode comer, é de tapioca. É bom. É lá do meu estado", afirmava Franco. O deputado Sílvio Costa (PMN-PE), entretanto, não aceitou o que classificou de "vulgarização", já que a CPI dos Cartões Corporativos chegou a ser chamada pejorativamente de "CPI da Tapioca", numa referência ao ministro do Esporte, Orlando Silva, que pagou uma tapioca com cartão corporativo em um restaurante de Brasília. "Não podemos aceitar menino de calça curta trazendo sorvete de tapioca para vulgarizar essa CPI", reagiu Costa, em referência direta a Vic Pires.Uma das muitas discussões durante a reunião foi protagonizada pelos senadores Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) e Almeida Lima (PMDB-SE) por conta da ordem na palavra. ACM Júnior estava com a palavra, e Almeida Lima interrompeu para apresentar uma questão de ordem. "O senhor me respeite. Estou no microfone. Faça o favor de me deixar com a palavra", disse aos gritos e em pé o senador baiano. "Eu sei me comportar e sei respeitar. É preciso que saibam respeitar a minha palavra quando pedi uma questão de ordem. Isso não vai me atemorizar", respondeu, também gritando, Almeida Lima.Outro ponto que causou divergência na reunião foi a divulgação de um documento em que constava a orientação de votação para a base do governo. Além da rejeição da convocação de Dilma Rousseff pela CPMI, pela orientação, os parlamentares governistas deveriam votar contra a divulgação de informações sigilosas sobre gastos com cartão corporativo da Presidência da República. "Logo na largada, está a recomendação do voto contrário a todos os requerimentos", reclamou José Agripino."É natural que a base e a oposição tenham suas estratégias. Temos uma forma de atuação. Essa orientação é discutida internamente pela base do governo. E parte da oposição quer passar pela imprensa que o Executivo quer orientar a base do governo. Não podemos compactuar com essa ilação da oposição", defendeu Sílvio Costa.