Movimentos sociais pedem apoio do BNDES para pequenos agricultores

26/03/2008 - 16h26

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Movimentos sociais, centrais sindicais e ambientalistas, apoiados por parlamentares, realizaram hoje (26) ato público na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, em repúdio aos financiamentos da instituição ao agronegócio e contra a expansão de monoculturas no estado.Os manifestantes integram a Rede Alerta Contra o Deserto Verde Fluminense e do Espírito Santo, que articula cerca de 21 movimentos sociais do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Associação dos Funcionários da Emater do Rio de Janeiro (Aferj).Eles pedemque o BNDES apóie em especial os pequenos agricultores e os assentadosda reforma agrária na comercialização e industrialização dos produtosfeitos de forma cooperada. Eles cobram também o incentivo do banco àprodução agroecológica, que é obtida em harmonia com o meio ambiente.Em entrevista à Agência Brasil, o representante da direção nacional do MST Léo Haua afirmou que o objetivo da manifestação “é denunciar a política de financiamento do BNDES, que é o maior banco público de investimentos da América Latina, e que aqui no Brasil só tem investido, no campo, no agronegócio”. Na avaliação de Haua, isso significa que os empréstimos do BNDES são destinados prioritariamente às grandes empresas transnacionais da agricultura. Como exemplo, ele citou a Aracruz, que recebe financiamento do banco para produção de celulose, além das usinas de cana, produtoras de etanol.Léo Haua ainda afirmou que os projetos financiados pelo BNDES têm causado destruição ambiental e desemprego no campo. Cerca de 600 manifestantes chegaram na sede do BNDES, às 10h, mas encontraram as portas fechadas. No local, a tropa de choque da Polícia Militar confiscou um fogão e de um butijão de gás - utilizados para preparar alimentos para os ativistas - e deteve um integrante do MST. Depois do enfrentamento inicial, os manifestantes foram autorizados a realizar o ato público em frente à sede do banco. O comitê de negociação, composto por representantes do MST, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), quilombolas, ambientalistas e povos indígenas, entregou uma carta à direção do BNDES com as reivindicações da Rede Alerta.