Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A epidemia de dengue noRio de Janeiro é atribuída pelo presidente do ConselhoNacional de Saúde (CNS), Francisco Batista Júnior, aequívocos cometidos pelos gestores públicos do setor desaúde. “O que está acontecendo lá é umretrato fiel da falência de um modelo de atençãoque os gestores insistem em por em prática no Sistema Únicode Saúde (SUS). Os gestores optam pelo modelo equivocado, queprioriza os hospitais, os medicamentos e o profissional médico,em detrimento da prevenção”, afirmou hoje (26)Batista Júnior, em entrevista ao programa Revista Brasil,da Rádio Nacional. Segundo o diretor doCNS, o Rio de Janeiro carece de agentes comunitários de saúdefazendo trabalho de educação e formação,de obras de saneamento básico, de melhor estrutura em bairrosperiféricos e de estratégias eficazes de combate aomosquito transmissor da doença. Ele ressaltou que umasituação semelhante se repete em muitos lugares doBrasil. “Não se acaba a dengue com hospital e médico.Se consegue com prevenção, educação,informação e processo de convencimento, mas como nãotemos isso pelo país afora, com raríssimas exceções,as conseqüências ocorrem de forma dramática. E paraagravar mais ainda, com um financiamento insuficiente para se adotarmedidas que possam reverter o quadro”, afirmou. Batista Júniorconsidera que parte dos problemas de gestão na saúdepública brasileira já começa na escolha dosocupantes dos cargos mais importantes do setor. Segundo ele, seriamnomeadas pessoas sem preparação adequada para asfunções.“Os gestores, via deregra, são designados para as secretarias e serviços desaúde para atenderem a interesses de grupos e corporaçõesorganizadas, a interesses político partidários. Saúdenão pode ser gerida desta forma e utilizada como moedapolítica. Tem que ser administrada com viés altamentetécnico”.