Secretário fluminense defende seqüestro de patrimônio dos "atacadistas" de drogas

26/02/2008 - 22h58

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, admitiu hoje (26), como elemento para enfrentar o crime organizado, o seqüestro do patrimônio dos "atacadistas" do mercado de drogas para posterior leilão e aparelhamento do estado com os recursos obtidos.

Ressalvou, porém, que "essa não é a solução nos grandes centros urbanos e regiões metropolitanas, como o Rio de Janeiro, onde a droga tem um efeito muito mais capilar e isso atrapalha e agride o dia-a-dia do cidadão".

Ao participar do Rio Simpósio Internacional Segurança e Políticas Públicas sobre Drogas, ele afirmou que, por outro lado, com o combate ao "atacado", a droga será impedida de chegar aos grandes centros: "Sem dúvida, se nós conseguirmos combater e eliminar os fornecedores e os grandes atacadistas, daremos um passo muito importante no combate ao narcotráfico.”

O principal problema no Rio, lembrou, é o varejo – as diversas facções criminosas disputam pontos de drogas. E no Brasil, são as fronteiras continentais, "já que os grandes fornecedores são vizinhos e as fronteiras, secas". E propôs que as ações do Estado se concentrem "exatamente por aí".

Beltrame disse que a situação de violência na cidade "é fruto de várias décadas de abandono” e citou ainda a transferência da capital na década de 60 e o esvaziamento econômico nos anos seguintes como contribuição para a atual situação de insegurança, marcada pela ocupação desordenada do solo. "Os problemas sociais favoreceram o crescimento de núcleos criminosos, como tráfico, roubos, homicídios", mencionou.

Ele estimou que a ação dos traficantes tenha influência direta sobre 90% das mais de 320 favelas da capital e que o estado tenha em torno de 800 comunidades carentes. Na avaliação de Beltrame, ações policiais não resolvem o problema da violência, mas sim a adoção de políticas públicas que gerem renda e emprego à população. “O que nós não vamos permitir é que a violência aumente e se alastre”, prometeu. O secretário avaliou ainda que cabe às famílias e ao Estado realizar um trabalho preventivo contra as drogas: “Eu acho que o acompanhamento dos pais é insubstituível. Acho que não podemos delegar a educação dos nossos filhos a terceiros. Aí a família, a escola, a igreja, enfim os grupos sociais têm uma participação muito grande e importante para isso.”