Parcelamento coloca veículos entre os bens mais financiados pelo brasileiro

26/02/2008 - 18h34

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O agente de saúde Hélio Sales dos Santos, de 46 anos,sempre quis ter um carro zero quilômetro e há dez dias conseguiu parcelar em 72 vezes o pagamento de cerca de R$ 40 mil. Durante seis anos, ele pagará juros mensais de 1,38% e no final o carro sairá por quase R$ 70 mil. 

Santosdiz que não fez as contas para chegar ao valor do carro quando acabar o financiamento, mas garante que valeu a pena.Segundo ele, essa é foi a única forma que encontrou derealizar seu sonho. “Para se ter alguma coisa hoje, é preciso sacrifício, porque a gente trabalha para ter coisas melhores.Já que não se consegue comprar à vista, tem que comprar a crédito", avalia. E garante que só faz dívidas que caibam no bolso: "Oimportante é que nosso nome esteja limpo e que a gente arquecom as prestações que vamos fazer”.

Segundo o economista Elder Linton Alves de Araújo, os veículosestão entre os itens mais parcelados pelos brasileiros,especialmente na classe média. Segundo ele, o fato de o produto ser a própria garantia do financiamento faz com que osjuros sejam mais baixos. “E essa garantia torna a compra mais atrativa, comparada com as demais modalidades", diz.

Alémdisso, de acordo com o economista, como os carros costumam ter umacerta durabilidade, ao final do prazo de financiamento ele ainda temvalor e pode ser usado inclusive para uma eventual troca. Na avaliaçãodo vice-presidente Associação Nacional dos Executivosde Finanças, Administração e Contabilidade(Anefac), Andrew Storfer, esse tipo de financiamento não valea pena: “Depois de três, quatro, cinco anos, ele [oconsumidor] pagará um valor alto por um automóvel que já ficou velho." O consumidor, sugeriu, deve comprar com o mínimo de parcelas possível e procurar um produto valor que caiba no bolso, pagando menos juros. O Banco Centralanunciou hoje (26) que os juros do crédito ficaram mais carospara o cidadão. Na aquisição de veículos,a taxa passou de 28,8% anuais em dezembro de 2007 para 31,2% emjaneiro deste ano.