Felipe Linhares
Da Agência Brasil
Brasília - A realização de uma consulta nacional que discuta a promoção de políticas de prevenção à aids com foco no público que exerce a prostituição é um avanço para o Brasil. A avaliação é da presidente da Articulação Nacional deTravestis e Transexuais, Keila Simpson, que participou hoje (26), em Brasília, da abertura da primeira Consulta Nacional sobre Doenças SexualmenteTransmissíveis e Aids, DireitosHumanos e Prostituição. “Nós queviemos de um processo de violação de todos os nossosdireitos, de um processo de tortura só por sermos travestis, hoje, podemos sentar com o governo para discutir políticaseficazes. Isso é um avanço. Pela primeira vez, movimentossociais que fazem prostituição estão discutindomedidas eficazes para combater a discriminação e falarsobre direitos humanos.”Representantes dogoverno, da sociedade civil e de agências internacionais vãodiscutir, durante três dias, os direitos humanos e o acesso universal à prevenção,ao tratamento e à assistência com relação a doenças sexualmente transmissíveis. No total, vinte estados brasileiros estarão presentes nas discussões.A consulta nacional vaipropor estratégias e ações de promoçãode saúde e eqüidade para as pessoas que exercem aprostituição. Um documento vai ser elaborado etrabalhado nas três esferas do poder público. KeilaSimpson espera que o evento seja um marco para os profissionais dosexo.“Nosso desafio agoraé pegar essas recomendações de A a Z e trabalharincisivamente com elas”, disse.Segundo o secretáriode Vigilância em Saúde, Gerson Penna, o evento vai dar asrecomendações aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de como implementar políticas públicasque garantam o acesso das prostitutas, dos travestis e transexuais aoSistema Único de Saúde (SUS).Segundo ele, o Brasil épioneiro em participação de organizações não-governamentais (ONGs) e grupos específicos, compostos de gays e lésbicas, no Programa Nacional de Aids. A consulta é umaanálise da política que o Brasil executa hoje emrelação a trabalhadores do sexo do ponto de vista daprevenção. O objetivo é discutir e propor ações mais eficazes.