Brasileiro preso no Líbano deve receber hoje autorização para deixar o país

26/02/2008 - 14h56

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O médico brasileiro Mohamed Kassen Omais, presono Líbano na semana passada e liberado na últimasexta-feira (22), deve receber hoje (26) um relatório dogoverno libanês confirmando sua inocência, além daautorização para retornar ao Brasil. Ementrevista por telefone à Agência Brasil, Mohamed disse que o documento já foi entregue a seu advogado e queeles deverão se encontrar nas próximas horas.

“Estou aguardando o advogado chegar com meu passaporte, que jáestá na mão dele, junto com o meu relatório,dizendo da minha inocência e que eu posso viajar.”

Mohamed confirmou que pensa em acionar o governo libanês pordanos morais sofridos durante a semana em que ficou preso, masdisse que só vai tomar uma decisão depois que voltar para o Brasil.

“Porenquanto, vou ver ainda se amadureço essa idéia ou não.Quando você sai de um presídio como aquele em que fiquei, saimuito alterado emocionalmente. No momento, quero descansar, relaxarum pouco e pensar melhor no que fazer. Sinceramente, não tomeinenhuma decisão.”

O médico deve deixar o Líbano na próxima quinta-feira (28), permanecendo,portanto, mais dois dias em Beirute. Mohamed disse que, entre seus planos,está o de “curtir a família”, já que, dos 14 dias previstos no Líbano, ficou em liberdade por apenasseis.

Segundo omédico, o consulado brasileiro em Beirute confirmou hoje quemandará representantes ao aeroporto para a despedida. Ao sair dacapital libanesa, o avião fará escala em Paris, antes de seguirpara o Brasil. Sua chegada a São Paulo está prevista para o início da tarde de sexta-feira (29) - de lá, ele deve seguir para Cuiabá, onde mora com a mulher e ostrês filhos.

“Osplanos são de rever meus irmãos, que estão emCuiabá, sentar com eles. Acho que devo alguns esclarecimentostambém. Tentar relaxar, depois de tudo isso, e voltar aotrabalho. Numa situação como essa, fiquei com saudadeaté do trabalho.”

Obrasileiro afirmou que compreende o fato de o governo libanêster agido rapidamente para investigar uma suspeita, mas ressaltou quea estratégia deveria ter sido “menos pesada”. “Emhipótese nenhuma, foi levantada a minha inocência. Achoque direito tem que ter de ambas as partes. Só que me foitirado o direito de defesa durante todo esse período.”

Segundo o médico, o que ocorreu com ele passou pode acontecera outras pessoas no Líbano, sobretudo diante da atual situaçãodo país. “Éuma região de altos problemas, com muitas facçõesreligiosas e políticas, com muitos problemas internos. Euacredito que deve acontecer com muitas pessoas. Não deve ser sócomigo.”

Quanto à hipótese de fraude nopassaporte, levantada pelo governo libanês, Mohamed confirmouque o documento chegou a ser adulterado por um assessor libanês,em um momento de “desespero”, na tentativa de sair do país, masgarante que o documento não foi usado.

“Deixeiesse passaporte antes de 2000 aqui e viajei para o Brasil com afinalidade de ficar. Não usava o passaporte para nada. Nomomento em que eu viajei, acabei deixando o passaporte na residênciado meu pai e chegou às mãos dessa pessoa, que fez usoindevido. O governo libanês, não sei de que forma, ficousabendo.”

O médico revela que tanto ele quanto o próprio governo libanês játêm conhecimento de quem é a pessoa que teria adulteradoo documento, mas, a pedido do Líbano, o nome nãofoi revelado. Ele foi detido, no último dia 15, ao desembarcar, junto com a mulher, Gisele, no aeroporto de Beirute. Mohamed tinha ido buscar os filhos, que passavam férias com os avós, e teria sido confundido com um homônimo suspeito de envolvimento com terrorismo.