Aumento do IOF e volatilidade externa levaram à elevação dos juros em janeiro, diz BC

26/02/2008 - 15h23

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A volatilidade domercado externo e o aumento da alíquota do Imposto sobreOperações Financeiras (IOF) são alguns dosmotivos que levaram à elevação das taxas dejuros em janeiro, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Ele lembrou que a volatilidade externa contribuiu para o maior custo de captação de recursos pelas instituições financeiras – de forma preventiva, elas elevaram a expectativa de risco. Com isso, subiu o spread (diferença entre o que os bancos pagam  para captar e o que cobram para emprestar), responsável por boa parte do lucro dos bancos. De acordo com o BC, o spread em janeiro ficou em 13,7 pontos percentuais para empresas, em 36,6 pontospercentuais para pessoas físicas e 25,7 pontos percentuais nototal. Em dezembro,esses valores eram de 11,9; 31,9 e 22,3 pontos percentuais,respectivamente. “A elevação do IOF também é incorporada ao spread e isso levou a uma elevação na taxa média do sistema, de 3,5 ponto percentual, concentrada em sua maioria no crédito às famílias", informou Lopes. Outro fator apontadopor Lopes é que em janeiro as famílias buscam mais o crédito devido à necessidade de recursos para pagar tributos – o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) – e aos gastos com material e matrículas escolares. Ele também citou o fato de a concessão de crédito consignado, umamodalidade mais barata, ter sido interrompidapor um período em janeiro, o que levou as famílias a optarem por uma modalidade mais cara, a do cheque especial. "Quando se tem aumento na demanda, incorporando inclusive novos agentes cuja avaliação de risco nem sempre é conhecido, as taxas se elevam", disse. A do cheque especial ficouem 145%, em janeiro e a do crédito consignado, em 29,3%ao ano.As famílias, acrescentou, foram as mais afetadas porque "as empresas têm uma redução no movimento operacional em janeiro, após a alta substancial do fim do ano". Mas para Altamir Lopes não há motivo de preocupação quanto ao endividamento das famílias. Ele lembrou que é de 12% a participação docrédito à pessoa física no Produto Interno Bruto(PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país): "É o maior patamar já observado, mas ainda é baixo. Isso também nãopreocupa, porque a inadimplência tem-se mantido estáveljá há algum tempo”. Apesar do aumento nastaxas de juros, em janeiro o volume de crédito subiu 0,9% em relação ao mês anterior e 27,9% no período de 12 meses, atingindo R$ 944,2 bilhões. Para pessoas físicas e empresas, as taxas de 48,8% e de 24,7% ao ano, respectivamente, são as maiores desdeabril de 2007, quando chegaram a 38,1% e a 25,3% ao ano.Lopes afirmou quesomente a partir de março ou abril será possívelavaliar se as taxas de juros continuarão em alta no semestre, tendência que se mantém em fevereiro: até o dia 14, os juros médios aumentaram 1,1 ponto percentual (0,6 ponto percentual para empresas e 1,8 ponto percentual para pessoas físicas).O Banco Central também registrouampliação dos prazos de financiamento: pela primeiravez desde o início da série histórica, em2000, o prazo médio contado em dias corridos ultrapassou otempo de um ano e chegou a 369.