Coordenador vê relação entre madeira apreendida e grupos organizados no Pará

20/02/2008 - 21h58

Gilberto Costa
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - O chefe substituto de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Alex Lacerda, que coordena a operação Guardiões da Amazônia, denunciou hoje (20) a existência de "quadrilhas organizadas" na região do município de Tailândia, no nordeste do Pará, para roubode madeira. "Eles sãoconhecidos no estado como 'sem-tora', invadem a área com violência, expulsam os empregados ou moradores da áreae roubam madeira daquela área. Essa madeira é revendida para asempresas que trabalham na ilegalidade no município", disse.Desde o dia 11, a operação Guardiões da Amazôniaapreendeu 13 mil metros cúbicosde madeira sem origem comprovada em Tailândia. "Comcerteza há madeira das quadrilhas dos sem-tora. Não consigo conceber que umvolume desse [apreendido em uma semana de operação]venha todo de planos de manejo, que estão como problemas, como alegam os sindicatos", acrescentou.O presidente dosindicato dos trabalhadores de serraria de Tailândia, Francisco das Chagas,já havia afirmado que os produtores aguardavam a liberação de planos de manejo florestal da Secretaria de MeioAmbiente do Pará para terem suas atividades regularizadas.A assessoria deimprensa da Secretaria do Meio Ambiente do Pará confirma que há insatisfaçãodos madeireiros com a liberação dos planos de manejo,mas afirma que o volume demadeira dos planos autorizados no ano passado foi de 3 milhões de metros cúbicos, o que equivale à média dosanos anteriores, quando aresponsabilidade de aprovação era do Ibama.Ontem (19), trabalhadores de serrarias e carvoarias e populares se revoltaram contra aapreensão de madeira e a demissão de cerca de 2 mil pessoas quetrabalhavam no setor. Eles chegaram a cercar fiscais doIbama no pátio de uma das serrarias vistoriadas. De acordo com oengenheiro florestal Francisco Neves, analista ambiental do Ibama e um dosfiscais da operação, a equipe passou por situaçõesde constrangimento verbal durante todo o período da operação: "Haviainformações de que eles iam invadir o hotel onde nós estávamos, de que eles estavam seorganizando, porque nosso trabalhoprejudicava o comércio e o ganha-pão deles".O protesto contra aapreensão da madeira interrompeu o tráfego na rodovia PA 150, entre ofinal da manhã e a noite. A estrada voltou a ter circulaçãosó após às 22h, segundo o Ibama.