Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 40% dos médicos formados no Brasil não fazem residência – o período de treinamento antes de se formar –, segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), que busca medidas jurídicas para evitar a abertura de novas faculdades de medicina, diante da baixa qualidade nos que começaram a funcionar nos últimos dez anos no país. A principal queixa é a de que o Brasil já tem o dobro de profissionais necessários para atender à população. De acordo com o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral, o Brasil tem 167 faculdades de medicina, mas metade delas sem condições de formar novos profissionais.“Nós apenas gostaríamos que houvesse maior qualidade no ensino. Isso se aplica às novas faculdades e às já existentes”, disse. Segundo ele, as faculdades têm conseguido autorização para funcionar com corpo docente não-médico, professores itinerantes e currículo insuficiente, além de não possuírem hospitais-escola para treinamento dos médicos. A reclamação se repete na Associação Médica do Paraná (AMP), cujo presidente, José Fernando Macedo, afirmou que "nós temos faculdades em que o professor de anatomia é formado em educação física”. Segundo ele, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse concordar que não se devem abrir novos cursos de medicina no Brasil, mas deu autorização neste mês para a abertura de uma nova faculdade no estado. “Chega de novas faculdades. Nós não precisamos de mais vagas para medicina. O que nós precisamos é de qualificação para as escolas que já existem”, declarou Macedo, ao lembrar que sem a residência médica o aluno sai mal formado da faculdade. "Quando for atuar na vida profissional ele não saberá como agir – pegará um caso de meningite e não saberá qual antibiótico receitar", disse. E acrescentou que as associações médicas brigam para que, em vez de novas vagas na graduação, o MEC invista na criação de mais cursos de pós-graduação, e que a residência passe a ser obrigatória para a conclusão do curso de medicina. Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Educação informou que em março deverá lançar a lista de faculdades de medicina nas quais estará “de olho”. Lista semelhante foi lançada para faculdades de direito e pedagogia, ao informar as instituições que receberam notas 1 e 2 no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Nesse caso, as faculdades listadas precisam apresentar justificativas para as notas baixas e assinam um termo de compromisso com o ministério para melhora no desempenho dentro de um ano, sob pena de terem os cursos fechados.