Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A confirmação dos vínculos comerciais entre a América doSul e os países árabes e o desenvolvimento de políticas multilateraisforam os principais eixos da abertura da 2ª Reunião de Ministros dasRelações Exteriores da América do Sul e dos Países Árabes (Aspa), quereúne hoje (20) e amanhã (21) em Buenos Aires, capital da Argentina, representantes de 34 nações das duas regiões.Em seu discurso de abertura, o chanceler da Argentina, Jorge Taiana,disse que "para os argentinos estas reuniões também são expressão doprocesso de fortalecimento de nossa própria região", e manifestou que oobjetivo principal é "dinamizar os laços políticos, comerciais etecnológicos" com as nações árabes."Devemos unir esforços pela Rodada de Doha, para que seja a rodada dodesenvolvimento, sem maiores concessões aos países desenvolvidos",enfatizou o ministro, que também destacou a iniciativa da Aliança deCivilizações como "uma possibilidade formidável" para a integraçãoentre o Ocidente e o Oriente.O chanceler argentino afirmou que foi registrado um forte crescimentodo comércio entre as duas regiões durante os últimos anos, mas queainda restam "assinaturas pendentes" em matéria de barreiras comerciais.Taiana lembrou ainda o compromisso assumido pelos chefes de Estado dasduas regiões durante o encontro de 2005, em Brasília, a favor dedesenvolver trabalhos conjuntos nos fóruns multilaterais.Sobre a questão palestina, o chanceler pediu que sejam dados "passossignificativos para solucionar o conflito" e reiterou a posturaargentina da existência de "dois Estados para dois povos". Ele aindaacrescentou que os dois povos contam na América do Sul com uma"comunidade de países amigos" dispostos a colaborar com o processo depaz.O ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, o príncipe SaudAl-Faisal, afirmou que não se pode tolerar "o que Israel está fazendoampliando as colônias e humilhando o povo palestino com castigoscoletivos". Al-Faisal assegurou que as nações árabes rejeitam "oterrorismo em todas as suas formas", mas admitiu que esse fenômeno "seprolifera nos povos que sofrem desespero e frustração".O presidente da Liga dos Países Árabes, Amir Moussa, destacou aimplementação de um intercâmbio comercial como princípio de cooperaçãoeconômica entre as duas regiões e informou que o movimento econômicopassou de US$ 8 milhões em 2004 para US$ 13 milhões em 2007.Esse intercâmbio se deu majoritariamente com o Brasil, enquanto que noúltimo ano o crescimento comercial da Argentina com os países da LigaÁrabe aumentou em 120%. Foram exportados commodities emanufaturados de origem agrícola por US$ 3 bilhões, especialmente paraArgélia, Egito, Marrocos e Arábia Saudita. Foram importadoscombustíveis, fertilizantes e enxofre.