Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 300 pessoas ligadas a movimentos sociais invadiram hoje (20) a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em protesto contra a anunciada troca na chefia da superintendência da entidade. “A ocupação da sede do Incra é apenas uma das ações que estamos fazendo pela manutenção do superintendente Luiz Carlos Bonelli”, informou uma das coordenadoras da ação, Maria de Fátima Vieira. De acordo com ela, além do escritório do Incra no município de Jardim que também está ocupado, a BR-163, no trecho entre os municípios de Naviraí e Itaquiraí, a 400 quilômetros da capital, está interditada desde a última segunda-feira (18). Maria de Fátima disse que as iniciativas se devem à boa administração do atual superintendente do Incra. “Os cinco anos da gestão do Bonelli foi o período em que mais avançou a reforma agrária aqui no estado. Tanto no número de assentamentos em terras de boa qualidade e de boa localização, quanto na facilitação da aplicação do crédito, que atende às necessidades das famílias. E ainda outras questões como o abastecimento de água, e a qualidade dos projetos, um dos melhores do país”, disse.Outro motivo apontado por Maria de Fátima para que os manifestantes apóiem a permanência de Bonelli na superintendência é o diálogo que ele mantém com todos os movimentos sociais. Para ela, a substituição pelo professor Flodoaldo Alves, indicado pelo senador Valter Pereira de Oliveira (PT-MS), significaria uma ruptura de todas essas conquistas e a prevalência do latifúndio e do agronegócio. “Em nome de todas as famílias, quero deixar aqui o nosso repúdio pela posição do senador de trocar o voto da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira] pela indicação do superintendente do Incra. É um desrespeito com a população brasileira que está cansada dessas ações e desses políticos que se dizem nossos representantes”, desabafou. A disposição dos manifestantes, segundo Maria de Fátima, é continuar com as invasões e a interdição até que uma comissão, que está em Brasília, receba uma resposta positiva pela manutenção de Bonelli. Um dos membros da comissão, José de Oliveira, informou que na tarde de hoje (20) já havia conseguido falar com o presidente do Incra, Rolf Hachbart, e com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. De acordo com ele, ambos teriam afirmado que "não vêem motivos para mudanças no Incra do Mato Grosso do Sul”.