Polícia baiana investiga se houve abuso em morte de jovens negros, diz secretário

04/02/2008 - 17h42

Hugo Costa
Enviado especial
Salvador (BA) - A recente morte de jovens negros em Salvador, com suspeita de abuso de autoridade, está sob investigaçãoda polícia da Bahia, afirma o secretário de SegurançaPública do estado, Paulo Bezerra.“Somenteapós a conclusão do procedimentoadministrativo-disciplinar, ou mesmo do inquérito policial, éque nós poderemos dizer se efetivamente houve um excesso, ou sea polícia agiu dentro do que as normas prevêem. Seriaprematuro, em um primeiro momento, dizer tanto que a políciaagiu corretamente quanto que houve excesso nas ações”, disse Bezerra à Agência Brasil.O fato foi denunciado na edição desta semana da revista Carta Capital, que descreve protestos de moradores da periferia contra a morte de quatro jovens em 12 dias, fazendo piquetes, fechando ruas e incendiando um ônibus. As vítimas, segundo a publicação, sãonegras, oriundas de comunidades carentes e não tiveram passagem pela polícia. Entrevistado, o governador Jaques Vagner disse ser "inadmissível que policiais ajam à revelia da lei".À Agência Brasil, o secretário de Segurança prometeu que as denúncias de abusos serão apuradas com o rigor necessário.E que ospoliciais envolvidos vão ser punidos se forem comprovadas.“O que nóspodemos afirmar veementemente é que uma vez ocorrido o fato, a Polícia Militar, por meio de sua corregedoria e pordeterminação de seu comandante, por orientaçãodo governo do estado, tomará providênciasimediatas do ponto de vista disciplinar”.Hoje (4),integrantes do Instituto Cultural Steve Biko protestaram durante ocarnaval de Salvador. O grupo, que prega a luta pelos direitos dosafro-descendentes, afirma que os negros são os maiores alvosda imprudência policial."Nósrespeitamos esses protestos que, aliás, fazem parte doprocesso democrático", declarou o secretário. "Cada grupo organizado tem o direito deexternar seu pensamento. É importante que se frise que oefetivo da Polícia Militar temem torno de 85% de afro-descendentes. Verifica-se que há umgrande índice de afro-descendentes tanto na forçapolicial quanto também do outro lado do confronto. Isso por sisó não justifica [a ocorrência de abusos]. Nós temos que verificar maisamiúde e apuradamente para ver o que está acontecendo”.