Movimento negro denuncia "brutalidade policial" na Bahia

04/02/2008 - 16h57

Hugo Costa
Enviado especial
Salvador (BA) - Com trio elétricoe foliões engajados em defesa da populaçãonegra, o Instituto Cultural Steve Biko se juntou a outros grupos deprotesto hoje (4) durante a passagem do bloco Mudançado Garcia no carnaval de Salvador.“Emcada grupo de dez jovens de 15 a 18 anos assassinados na Bahia, setesão negros”, alertava uma das faixas confeccionadas pelogrupo, criado há 16 anos sob influência da históriado sul-africano Bantu Stephen Biko, ativista que lutou pelo fim do apartheid.Um cartaz pedia ainda o “fim da brutalidade policial”.A reportagem de capa darevista Carta Capital desta semana aponta execuçãode jovens negros na Bahia. Com o título “A revolta naperiferia”, a matéria fala sobre protestos realizados apósa morte de quatro rapazes. E informa que nos primeiros 20 dias do ano, 12 pessoasforam assassinadas pela polícia da capital baiana.Coordenador do SteveBiko, o administrador Michel Chagas disse que os casos anunciadosnão são exceções. “Isso não éum fato isolado. Não é de agora que nósdenunciamos isso. Desde o início do ano passado,estamos avisando a polícia dessas práticas. Épreciso mudar esse quadro da polícia".Chagas defende mudanças radicais no modo de operar da políciabaiana. Segundo ele, os negros do estado são oprimidos esofrem com o abuso de autoridade dos responsáveis pelasegurança das ruas.“Existe um processode matar negros e negras na Bahia e os números comprovam isso.80% das pessoas assassinadas são negras. Nós [doinstituto] trabalhamos com educação, mas se nãoestivermos vivos, de nada vão adiantar os nosso projetos. Épreciso oferecer uma outra proposta de segurança públicaque não seja essa de matar as pessoas”, exigiu.