Por enquanto, Brasil só precisa acompanhar crise norte-americana, diz especialista

28/01/2008 - 21h31

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Neste ano, o Brasil não deve sentir de formasignificativa os efeitos da crise financeira dos Estados Unidos. Noentanto, é preciso ficar atento, caso as medidas tomadas pelogoverno e pelo Banco Central americanos não tenham os resultadosesperados, alertou hoje (28) o diretor de Estudos Macroeconômicos do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú.“Se a economia americana desacelerar e entrar em recessão, a economiabrasileira poderá ser atingida em 2009, porque até lá planos deinvestimento podem ser desativados, o consumo pode ser reduzido”,explicou, em entrevista à Agência Brasil.A crise foi um dos temas discutidos durante o Fórum Econômico Mundial, realizado na cidade de Davos, na Suíça, e que terminou ontem(27). Apesar de o evento ter perdido importância “para a realidade dospaíses”, Sicsú disse que vale a pena ouvir o que os participantes do Fórumdiscutem. “As conclusões, ou algumas recomendações, ou análises do Fórumdeste ano sobre a crise americana devem ser levados emconta seriamente”, opinou.A possibilidade de os Estados Unidos entrarem em umarecessão profunda é pequena, segundo Sicsú, que disse acreditar que o governo americano faz o que tem que ser feito no momento: "O mais importante é que ogoverno americano e o seu banco central estão sinalizando à sociedadeamericana e ao mundo que estão dispostos a conter um agravamento dacrise.”Esse agravamento seria a crise, que até agora afeta somente o setorfinanceiro, passar a afetar também os setores da “economiareal”, como a produção e o emprego .Além disso, acrescentou, os governos europeus e obanco central da União Européia devem tomar atitudes para blindar osefeitos negativos da crise financeira. “Os países em desenvolvimento devem continuarfazendo o que fazem e os países avançados, particularmente na Europa,devem seguir o caminho americano para auxiliar a blindagem dos efeitospossíveis que essa crise poderia espalhar pelo mundo real”, concluiu.