Jornal cubano divulga conteúdo de conversas entre Lula e Fidel

28/01/2008 - 18h01

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Crisenorte-americana, desvalorização do dólar e dívidaexterna foram alguns dos temas tratados pelo presidente Luiz InácioLula da Silva com o lider cubano Fidel Castro no encontro que tiveramno último dia 15, em Havana. Duas semanas após o  encontro, o conteúdo da conversa foi revelado em três artigospublicados pelo líder cubano no Granma – jornal do PartidoComunista Cubano - de hoje (28) e dos dias 24 e 25 deste mês. Lula passou apenas 24horas em Cuba. Tinha agenda cheia, mas cancelou todos os compromissosque teria à tarde à espera de um sinal positivo para a visita a Fidel, que dependia de autorizaçãomédica. Finalmente encontraram-se às 17 horas. Ao sair, o presidente brasileiro falou sobre a saúde de Fidel, mas não comentou o encontro. Lula disse que teria faladoapenas meia hora e Fidel, duas horas. Os dois haviam se encontradopela última vez em julho de 2006, durante Cúpula doMercosul e Estados Associados, na cidade argentina de Córdoba,um dia antes de Fidel ser hospitalizado. Segundo o Granma, o líder cubano falou com Lula sobre suas preocupações com a situação econômica dos Estados Unidos e seus reflexos no resto domundo. “Se somares as reservas em dólares da Europa e doresto do mundo, verás que equivalem a uma montanha dedinheiro, cujo valor depende do que faça o governo de um país.[Alan] Greenspan, que foi durante mais de 15 anos presidente do BancoCentral [dos Estados Unidos, o Fed] , morreria de pânico perante uma situaçãocomo a atual”, disse Fidel a Lula. “A quanto pode chegar ainflação dos Estados Unidos? Quantos novos empregospode criar esse país neste ano? Até quando vaifuncionar sua máquina de imprimir notas, antes que se produza ocolapso da sua economia, além de usar a guerra para conquistaros recursos naturais de outras nações?”, indagou olíder cubano nos artigos publicados pelo jornal. Fidel revela que tambémfalou com Lula sobre a “política aventureira” de George W.Bush no Oriente Médio. E que prometeu repassar ao presidentebrasileiro um artigo de Paul Kennedy – na avaliaçãodo líder cubano, um dos intelectuais mais influentes dosEstados Unidos – sobre a interligação entre os preçosdo petróleo e dos alimentos.No mesmo artigo, Fidelconta que, ao rever Lula, lembrou da primeira vez visita deste a seu país – em 1985, para participar de uma reuniãoconvocada por Cuba para analisar o problema da dívida externa.O tema voltou a ser discutido no encontro deste mês.“Lula me explica a diferença com aquele ano. Afirma que hojeo Brasil não tem dívida nenhuma com o Fundo Monetário[Internacional, o FMI] e o Clube de Paris e dispõe de US$ 190 bilhões nas suasreservas. Deduzi que seu país tinha pago emornes somas paracupir com aquelas instituições”, relata Fidel. Oassunto evoluiu para a desvalorização do dólar.“Ninguém deseja que o dólar se desvalorize maisporque quase todos os países acumulam dólares”, disse o líder cubano ao presidente brasileiro.