Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil deve se preparar para não sofrer com uma possívelqueda nas exportações, causada pela crise na economia dos EstadosUnidos. Segundo o professor Adriano Benayon do Amaral, da Universidade de Brasília (UnB), "isso certamente terá um impacto forte". Doutor em economia, ele sugeriu que "as pessoas deveriam estar mais alertas". Um dos temas mais debatidos e que gerou dúvidas durante o FórumEconômico Mundial em Davos, na Suíça, na semana passada, a atual crise do mercadofinanceiro norte-americano já é uma recessão e se encaminha para umadepressão, na opinião de Benayon.O professor afirmou que um dos efeitos será a queda nas importações – primeiro, daeconomia americana, e depois, de outros países. E que, dessa forma, o problemadeverá afetar as exportações brasileiras de matérias-primas e bensmanufaturados. “O Brasil tem que tomar providências para não ficarmuito dependente do mercado externo. Teria que reorganizar a sua vidaaqui, por si mesmo, com auto-determinação”, sugeriu.O Fórum e o tema deste ano – O Poder da InovaçãoColaborativa – são “conversa fiada”, na opinião de Benayon, para quem "o sistema econômico mundial nãocolabora com ninguém, só ganha dinheiro com jogadas financeiras de todo tipo”. Ele explicou que foram justamente “jogadas financeiras” que levaram àcrise, com a criação de ativos, como títulos de empréstimos“sem base” e sem o acompanhamento de investimentos na “economia real”. “Houve uma criação de ativos financeiros sem a economia investir na produção real, na infra-estrutura, por exemplo, nas pontes, nasestradas, nas empresas produtivas. Então, criou-se isso, uma espécie deboom artificial”, disse, em referência também à expansão do crédito ajuros baixos que levou muitos americanos a fazerem empréstimos paracomprar casas sem garantias de que conseguiriam pagar.Para Benayon, o Fórum não resolverá o problema dos Estados Unidos, pois reuniu os responsáveis pelo início da crise. “Oencontro de Davos é uma expressão do que o establishment – as pessoas queestão na alta desse sistema todo – quer que se siga. Então, só seapresentam coisas para iludir a opinião mundial”, concluiu.