Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A idéia do Fórum Social Mundial (FSM) foi formada no inicio de 2000, em Paris, quando o consultor internacional do FSM e ex-integrante do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Oded Grajew, acompanhava as notícias do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça “Eu estava muito angustiado com as notícias que saíam no jornal que tomavam as idéias de Davos como as que deveriam nortear todo o globo, que olhavam o mundo como um grande mercado e as pessoas apenas como consumidoras”, lembra.Ele acredita que as metas traçadas desde a primeira edição do fórum foram cumpridas. “O Fórum Social Mundial se tornou uma realidade, um processo estabelecido, um contraponto às idéias de Davos e se estabeleceu como um movimento mundial”, diz Grajew.Ex-ministro das Cidades e governador do Rio Grande do Sul na época do primeiro Fórum Social Mundial, em 2001, Olívio Dutra lembra que a idéia chegou a ele por meio do prefeito de Porto Alegre na época, Raul Pont. “Imediatamente tratamos de articular as energias com os movimentos sociais e a possibilidade de os dois governos, estadual e municipal, reforçar uma iniciativa de caráter mundial para pensar as possibilidades de transformar este mundo injusto em que vivemos”, lembra.Segundo Dutra, a experiência de realizar o primeiro FSM foi muito enriquecedora. “Ali se inaugurou um processo novo de reflexão sobre a vida, o ser humano, a natureza, a terra, o passado, o presente, o futuro, as relações entre os povos, o respeito aos direitos humanos, ao meio ambiente, à organização social”, afirma. “Foi a cidadania sendo afirmada na idéia de que o mundo de injustiças, guerras e concentração de riqueza e poder não é o mundo do futuro.”Especialista em História Social da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Aquino acredita que o FSM conseguiu construir espaços de representação para a sociedade civil organizada. “Ele [o fórum] tem uma notoriedade e divulgação que ultrapassa qualquer fronteira”, avalia. “Cada vez, o evento tem reunido um número cada vez maior de pessoas. Então ele representa os desejos e anseios da sociedade organizada.”O cientista social e colunista da revista Carta Maior Emir Sader lembra que o objetivo inicial do FSM foi afirmar que um outro mundo era possível. O segundo foi trabalhar na perspectiva da construção de um novo mundo: “A realidade demonstrou que há caminhos alternativos. Seja a Venezuela, China, Bolívia ou Equador. Acho que se avançou muito na luta concreta dos povos para demonstrar que outras alternativas eram possíveis”.Segundo Sader, é necessário agora avançar e expandir os projetos de construção de um mundo de superação do neoliberalismo.