Irene Lôbo*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "Um outro mundo possível." Com esse lema, diversos representantes da sociedade civil compareceram ao Fórum Social Mundial (FSM) no Rio de Janeiro, que promoveu um evento chamado Dia da Mobilização e Ação Global. Proposto originalmente como alternativa ao Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, o FSM é um evento organizado por movimentos sociais com o objetivo de celebrar a diversidade, discutir temas relevantes e buscar alternativas para questões sociais. Em entrevista hoje (26) ao programa Revista Brasil, o líder indígena Araçari Pataxó, representante da aldeia da etnia Pataxó no sul da Bahia, disse que os índios da etnia estão no fórum protestando, entre outros assuntos, pela educação diferenciada para as crianças indígenas.“O índio existe e tem uma cultura diferenciada”, disse Araçari.Ele também destacou que o sistema de saúde oferecido para os povos indígenas não é suficiente e lembrou da luta pela demarcação das terras indígenas. “O objetivo de a gente estar vindo para a sociedade é estar mostrando a nossa cultura e os direitos que temos hoje”, afirmou.O meio ambiente também é um assunto que está sendo discutido no fórum do Rio de Janeiro. O coordenador do grupo de voluntários da organização não-governamental Greenpeace, Ricardo Martins, conta que a grande questão ambiental trazida para o Fórum este ano é o desmatamento da Amazônia.Segundo Martins, o governo reconheceu tardiamente o desmatamento da Amazônia, e o Greenpeace já havia avisado do problema. A organização exibiu, no fórum, um vídeo sobre as derrubadas na Amazônia para mostrar aos participantes.Para Martins, falta vontade política para combater esse problema: “É começar a olhar mais cedo para esses problemas e tomar vergonha, porque temos a maior floreta tropical do mundo, mas não conseguimos dar conta disso, o que põe o Brasil em quarto lugar entre os maiores emissores de gás carbônico do mundo”.Outro participante desta edição do Fórum Social Mundial é o diretor artístico do Teatro do Oprimido Augusto Boal, que falou sobre direitos humanos. Segundo ele, o primeiro direito das pessoas é ser cidadão, que não é viver em sociedade, mas transformá-la. “A sociedade se transforma pela palavra, a imagem e o som, que são as três formas de que os opressores se utilizam. O acesso à cidadania se dá por meio das artes”, afirmou.Diretora do Instituto Patrícia Galvão e integrante do grupo Articulação de Mulheres Brasileiras, Ângela Freitas destacou que o Brasil avançou na questão da violência contra a mulher com a promulgação da Lei Maria da Penha. Ela também falou dos direitos reprodutivos da mulher. “O Estado tem a obrigação de oferecer informação e meio para o controle da fertilidade. Nossa luta é para que essa lei funcione com informação, democracia e direito”, disse.