Manifestantes queimam boneco de Bush durante ato do FSM em São Paulo

26/01/2008 - 18h53

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Um boneco do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, foi protagonista hoje (26), da série de manifestações do Fórum Social Mundial (FSM), em São Paulo, em contraponto ao Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça. Vários representantes de entidades de movimentos sociais e sindicalistas atearam fogo ao boneco, exposto em frente ao prédio da prefeitura, no Viaduto do Chá, centro da capital paulista.A queima ocorreu após os manifestantes encenarem uma versão da peça Rei Lear, de Shakespeare. Na apresentação, quatro grupos chamaram a atenção do público para as reivindicações em favor da reforma agrária, moradia, trabalho e repúdio à miséria e pobreza entre outras bandeiras sociais. No desfecho, a figura simbólica de Bush representava “o imperialismo da política neoliberal”, conforme explicou Sonia Coelho, do Movimento Marcha Mundial das Mulheres e ativista da Coordenação dos Movimentos Sociais.“Durante a peça, nosso grupo atuou para mostrar como o neoliberalismo aprofunda a violência contra as mulheres”, explica Sonia. Ela cita as mulheres que estariam sendo estupradas por soldados da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, a opressão sobre as mulheres do Irã, presas por manifestarem a liberdade e a agressão sexual das mulheres no Congo.No Brasil, ela salientou a necessidade de lutar contra a violência nos mais variados níveis, inclusive nos locais de trabalho. Sonia defendeu medidas que levem à igualdade e à melhor distribuição da riqueza. “Temos falta de política pública, trabalho sem qualificação, as mulheres continuam ganhando menos e existe a mercantilização do corpo com o envio de mulheres para exploração sexual fora do país”, observou. Para a ativista, as transformações sociais levarão a um mundo melhor.Além desse ato, a Ação Global do Dia de Mobilização em torno do FSM teve como endereço o Colégio São Luz, na região da Avenida Paulista. No local, foram erguidas pequenas tendas temáticas e, em nove pontos, ocorreram eventos diversos como palestras e debates em torno da educação, economia solidária, depoimentos de refugiados palestinos, reforma política e questões enfrentadas por minorias como as comunidades indígenas e quilombolas.