Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A eleição de governos de esquerda na América Latina ao longo dos oito anos de atividades do Fórum Social Mundial (FSM) representa a vitória dos movimentos sociais e o fim do ciclo do neoliberalismo. A opinião é de Fátima Mello, diretora da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), uma das entidades organizadoras do fórum.“O Fórum Social Mundial, pelo poder que teve de dizer ao mundo que o neoliberalismo estava esgotado e tinha levado o mundo a um estado de insegurança e de insatisfação, abriu o debate sobre a necessidade de um novo ciclo de políticas mais democráticas, que atendam as maiorias”, afirma Fátima.Mello admite que a influência do FSM não foi direta na eleição de presidentes como o uruguaio Tabaré Vázquez, e o equatoriano Rafael Correa, mas acredita que as discussões ajudaram a reconstruir um ambiente para um novo debate político na região. Entre os governantes de esquerda eleitos durante os anos de realização do fórum estão os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Bolívia, Evo Morales, e da Argentina, Néstor Kirchner – sucedido pela mulher, Cristina Kirchner.Para o secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Antônio Felício, mesmo com eventuais divergências entre os países do continente, a América Latina vive uma nova etapa. “Podem existir diferenças entre Correa e Vázquez ou entre Lula e Chávez, mas o fato é que estamos vivenciando um momento atípico de governantes que tiveram toda a vida política colada aos movimentos sociais”, afirma.Felício, no entanto, ressaltou que a vitória de presidentes de esquerda nem sempre representa a garantia de conquistas sociais. “Isso [os governantes de esquerda] não significa que a gente concorde com todas as políticas praticadas”, ressalta. Para Fátima Mello, a execução das idéias debatidas no FSM depende muito do contexto político de cada país: “Acredito que muitas idéias estão sendo aplicadas de diferentes maneiras”.Entre os ideais do fórum, ela destaca que o setor público deve voltar a ter papel central na administração pública, que nem tudo pode ser privatizado. O FSM também defende a preservação do meio ambiente e o respeito às diferenças culturais para a consolidação da democracia.