Procurador pede que Minas Gerais e São Paulo investiguem denúncias sobre campanha de Azeredo

23/11/2007 - 19h40

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O procurador-geral da República,Antonio Fernando Souza, pediu ao ministro do Supremo TribunalFederal (STF) Joaquim Barbosa o envio de documentos às procuradorias da República de Minas Gerais e SãoPaulo e ao Ministério Público estadual mineiro.Joaquim Barbosa é relator do inquérito que investiga osuposto desvio de recursos públicos para a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo deMinas Gerais, em1998. O envio dos documentos deve ser feito após a digitalização das peças processuais.O objetivo épermitir aos órgãos regionais a apuração de fatos que possam resultar no oferecimento de denúncias na Justiça de primeira instância contra outros supostos envolvidos no esquema, que não possuem foro privilegiado. Na última quarta-feira (21), Antonio Fernando Souza ofereceu denúncia contra 15 pessoas por crimes de lavagem de dinheiroe peculato. Entre os denunciados, estavam Azeredo (hoje senador) e o ex-ministrode Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB), quepediu ontem (22) afastamento do cargo.Entre os alvos das investigaçõescomplementares estão o publicitário Duda Mendonça, responsável pelo marketingda campanha de Azeredo; a do publicitário sócia Zilmar Fernandes; e dirigentes do Banco Rural (Kátia Rabelo, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório), que à epoca teriam cometido crimescontra o sistema financeiro nacional.No pedido ao ministro, oprocurador afirma que o Banco Rural simulou“acordo na Justiça para quitar empréstimo que alcançava mais de R$ 13 milhõespelo valor de R$ 2 milhões, sendo que o dinheiro veio deempréstimo do próprio banco”. Por isso, caberia ao Ministério Público Federalem Minas Gerais apurar as características dos empréstimos concedidos pelo banco àsempresas do ex-vice governador Clésio Andrade e de Marcos Valério de Souza, que captavam recursos para acampanha de Eduardo Azeredo.Antonio Fernando Souza também diz ser necessárioapurar, “sob os aspectos civil e penal”, as condutas dos beneficiários dosrecursos distribuídos pelo esquema, dentre eles Duda Mendonça. Aintenção é saber se os serviços prestados pela agência publicitária à campanha de Azeredoforam pagos com dinheiro público.À Procuradoria da República em São Paulo, Souza pede a investigação sobre a Fundação Jorge Duprat Figueiredo (Fundacentro). A autarquia, vinculada ao Ministério do Trabalho, tinha contrato de publicidade com a SMP&B,  de Andrade e Valério, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Há suspeita de que tenha feito pagamentos superfaturados e sem comprovação de serviços prestados, no total de R$ 24,9 milhões, repassados à agência mineira e a uma empresa gáucha chamada Quality. O ex-presidente da Fundacentro Humberto CarlosParro, o ex-assessor de comunicação do órgão José Carlos Crozeira e o ex-diretor administrativo e financeiro Marco AntonioAbreu Rocha prestaram depoimento em 2005 sobre o caso, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Serãoinvestigados ainda, em Minas, o secretário estadual de Governo, Danilo de Castro,e o líder do governo mineiro na Assembléia Legislativa, Mauri Torres.Segundo Antonio Fernando Souza, eles avalizaram, em novembro de 2004, após as eleiçõesmunicipais, empréstimo de R$ 707 mil do Banco Rural à SMP&B, entãode Marcos Valério. O procurador quersaber se há relações entre a conduta e o fato daagência ter ganho licitações no governo mineiro,que, segundo ele, tinham Castro como responsável.