Secretário de Segurança acha “irresponsável” relatório sobre operação no Complexo do Alemão

01/11/2007 - 21h42

Flávia Martin
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse hoje (1º) que o relatório divulgado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos sobre a operação que deixou 19 mortos no Complexo do Alemão, em junho, na capital fluminense, é irresponsável e não foi elaborado a partir das circunstâncias nas quais as mortes aconteceram. O documento aponta que os policiais usaram força excessiva e cometeram execuções sumárias.“O resultado do laudo é uma brincadeira, uma irresponsabilidade. Em primeiro lugar, porque esse resultado é apenas um relatório, já que o laudo é produzido pela Secretaria de Segurança, que levou em consideração a perícia do IML [Instituto Médico Legal] e os três inquéritos policiais, e onde está presente a participação do Ministério Público. Mas não podíamos esperar uma resposta diferente dessas pessoas que pegaram o nosso laudo e fizeram uma interpretação deles nesse relatório, que é vazio e ambíguo”, contestou o secretário.Ontem, outra operação na favela da Rocinha, na zona sul da cidade, fez com que cerca de 2.400 crianças ficassem sem aula. Houve troca de tiros e um homem ficou ferido. Beltrame informou que não está nos planos da secretaria adotar novas estratégias a fim de minimizar as alterações na rotina dos moradores das comunidades quando houver operações policiais.“Não vai haver mudanças nas nossas operações, porque se a polícia estava lá na favela, é porque ela se fazia necessária. O que nós temos que fazer é agir e mostrar que a polícia está buscando seu objetivo, que é desarmar essas pessoas. Se as crianças perderam aula, nós lamentamos, mas houve necessidade de agir naquele horário”.Beltrame participou hoje de um seminário sobre violência pública no encontro dos procuradores da República em um hotel na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. O painel foi coordenado pelo sub-procurador geral da República, Eugênio José Aragão, e contou com a presença da socióloga Julita Lengruber, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes. O encontro segue até domingo.