Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Petrobras divulgou uma nota, no início da noite de hoje (1º), negando aumento de 30% no preço do gás natural e afirmando que não existe proposta neste sentido. No texto, a empresa reafirmou que o produto deve assegurar a remuneração dos investimentos no setor, a fim de garantir a colocação de volumes adicionais no mercado.
A Petrobras confirmou que prepara um recurso, que deverá ser ajuizado na próxima semana, com relação à liminar concedida em favor das empresas CEG e CEG-RIO, que obrigou o fornecimento de gás natural a essas distribuidoras.
Na mesma nota, a Petrobras divulgou trechos de uma entrevista do presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, concedida em Nova York, ao canal de TV por assinatura Globonews. Na entrevista, Gabrielli afirma que "o preço do gás hoje está desalinhado com o preço dos combustíveis alternativos, fazendo com que o consumo de gás seja estimulado num momento em que deveria ser o contrário, [em que] deveríamos desestimular o consumo do gás".
À tarde, no Rio de Janeiro, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno, criticou a redução do fornecimento de gás natural determinado pela Petrobras, na terça-feira (30), que deixou milhares de motoristas sem encontrar o produto nos postos.
Júlio Bueno avisou que, se a estatal insistir na redução do fornecimento de gás, o governo estadual vai direcionar o produto para os consumidores finais usarem em suas residências e automóveis e vai deixar por último o suprimento de gás para as três termelétricas que a Petrobras tem no estado.
"O estado tem que proteger o consumidor individual, que tem prioridade. As residências, o comércio e os motoristas terão o gás a sua disposição; depois, as indústrias que usam o gás como matéria prima; depois, as indústrias como um todo e, por fim, as térmicas.
Júlio Bueno reconheceu que o consumo de gás natural no Brasil está acima da capacidade de produção, mas disse que foi a própria Petrobras que incentivou milhares de motoristas a converterem seus veículos e usar gás em vez de gasolina.
Segundo especialistas, o fornecimento de gás natural no Brasil só deve ser normalizado a partir de 2010, quando entram em produção novos poços da Petrobras, na bacia do Espírito Santo.