Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O curto prazo para a elaboração dosprojetos, a limitação de recursos e a diminuiçãoda autonomia das universidades são as preocupaçõesdos professores com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturaçãoe Expansão das Universidades Federais (Reuni) do Ministérioda Educação, que está selecionando projetos ecomeça a ser posto em prática no próximo ano.“Não estamos tendo tempo para fazer aadesão. Não se trata simplesmente da ampliaçãodo número de vagas ou de abertura de novos cursos, mas exigeuma reestruturação acadêmica e isso demanda tempopara ser planejado”, diz o presidente da AssociaçãoNacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo.A autonomia da universidades é garantidapela Constituição “e, portanto, elas não podemser obrigadas a aderirem a um programa porque têm algum recursodisponível. E isto está acontecendo com o Reuni.Diversos reitores disseram que não têm alternativa a nãoser aderir. E, com pressa, se aprovam projetos incompletos ou malelaborados”, destaca.Segundo Rizzo, na Universidade Federal de Pelotas,o Conselho Universitário aprovou ontem (31) o projeto semconhecê-lo. “No escuro, confiando no reitor, uma coisa malucaporque ninguém conhece o projeto”, conta o presidente. OConselho Universitário é a instância máximade deliberação de uma universidade.O Reuni foi instituído em abril deste ano,como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação(PDE). Para receber verbas a partir do segundo semestre de 2008, asuniversidades precisam fazer a adesão até 17 dezembro.Ou até fevereiro de 2008, para o recebimento em 2009.O Programa vai destinar recursos a projetos para oaumento do número de vagas, redução de taxas deevasão, maior mobilidade estudantil e articulaçãoda educação superior com outras vertentes de ensino.Cerca de R$ 2 bilhões do orçamento do MEC serãorepassados às universidades federais, entre 2008 e 2011.A preocupaçãodos docentes é a mesma de muitos alunos que, na UniversidadeFederal de Pernambuco (UFPE), resolveram ocupar a reitoria em protesto. Segundo o presidente da Andes, para que a qualidade do ensino nãoseja prejudicada com o aumento de alunos é necessário,por exemplo, ampliar bibliotecas, laboratórios e repúblicas.“Para ampliar o número de vagas épreciso aumentar o número de professores e tambémadequar a estruturação. Gostaríamos de ter agarantia dos recursos para fazer a expansão da universidade”,explica.Paulo Rizzo diz que "como foi instituído por meio de decreto,o Reuni não pode impor à União mais recursos. Oque vai haver é um realocamento de despesas. Vai precisar queo governo apresente um projeto de lei para essa ampliação".Outro receio dos professores diz respeito à evasão escolar já que uma das metas do programa determina uma taxa deconclusão de curso 90%. “As causas dessa evasão não foramprofundamente estudadas e analisadas para ver exatamente comocombater a evasão”, defende Rizzo. Os professores temem ainda que a metapossa ocasionar “uma pressão de se ter uma facilitaçãoa aprovação do aluno”.Para diminuir a evasão, o Programa pretendeestimular medidas para facilitar a transferência de alunos paraoutros cursos ou para outras instituições. “Éimportante, pode contribuir porque, muitas vezes, o estudanteingressa na universidade e não se identifica com o curso”,diz o presidente da Andes.Ele alerta ainda que é preciso cuidado para que estudantes nãoprestem vestibular para cursos menos concorridos e depois peçamtransferência. “É preciso que esteja em péde igualdade. Talvez se possa fazer processos de seleçãointerna”, avalia.