Relator da ONU pede “moratória” na produção de biocombustíveis no mundo

12/10/2007 - 8h57

Agência Lusa

Genebra (Suíça) - O relator daOrganização das Nações Unidas (ONU) parao direito à alimentação, Jean Ziegler, pediuontem (11) o adiamento de cinco anos da produção debiocombustíveis a fim de lutar contra o aumento do preçodos alimentos.Tomando o exemplo do Brasil, o relator da ONUlamentou que as plantações de cana-de-açúcardestinadas à produção de biocombustíveisse desenvolvam no lugar das culturas alimentares. De acordo comZiegler, as culturas alimentares fazem viver entre sete e 10agricultores em média sobre 10 hectares, enquanto a cana deaçúcar representa somente um emprego na mesmasuperfície.Segundo o sociólogo suíço,a conversão de solos aráveis à produçãode vegetais destinados à produção decombustíveis "verdes" está provocando, hávários meses, um aumento dos preços agrícolas, oque obrigaria os países pobres a importar alimentos a preçoselevados. "São necessários 232 quilos de milhopara encher um depósito de cinqüenta litros debioetanol", disse, adiantando que "com esta quantidade demilho, uma criança pode viver durante um ano".Zieglerafirmou ainda que a conversão das terras à produçãode biocombustíveis vai criar uma tragédia por causa daprevisão de diminuição da ajuda alimentarenviada pelos países ricos aos países emdesenvolvimento. "É uma catástrofe total para osesfomeados do mundo", afirmou. A proposta de uma moratóriade cinco anos, que conta apresentar em 25 de outubro na ONU, visaproibir a conversão de terras à produçãobiocombustíveis.Jean Ziegler espera que, passado esteprazo, a ciência tenha avançado suficientemente para sepassar aos biocombustíveis de segunda geração,produzidos a partir de desperdícios agrícolas ouplantas não agrícolas.