Paloma Santos
Da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Saúde estabeleceu um novo protocolo para o tratamento da hepatite C, doença crônica, caracterizada pela inflamação do fígado. Além da mudança na regulamentação, está previsto o aumento de recursos para o tratamento da doença. A portaria que determina as modificações foi publicada na edição de ontem (9) do Diário Oficial da União. O texto é resultado de três anos de pesquisa do Programa Nacional de Hepatites Virais (PNHV), e vale para hospitais privados e credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).A coordenadora do PNHV, Gerusa Figueiredo, disse que uma das mudanças é a inclusão, no tratamento, de pacientes co-infectados, ou seja, pessoas que têm outro tipo de infecção, como pelo vírus HIV.Segundo ela, pessoas com HIV correm mais risco decontrair cirrose em menor espaço que as não-infectadas pelo vírus causador da aids. A cirrose é uma doença que compromete o fígado, podendo levar à morte, e é uma das decorrências da hepatite C.Usuários de drogas que tenham a doença também poderão ser incluídos no tratamento, desde quetenham avaliação médica constante.Outra novidade é a redução da idade para o início do tratamento. Oprotocolo anterior, de 2002, previa o tratamento apenas para pessoas apartir de 12 anos. Agora, crianças a partir dos 3 anos de idade podem ser tratadas.De acordo com a coordenadora, trabalhoscientíficos recentes mostram resultados positivos em pacientes infantis. “Crianças com menos de 3 anos podem ter o crescimento afetado se forem submetidas às terapias que a doença exige”.A portaria também estabelece a retomada do tratamento (re-tratamento) de pacientes que tiveram que interrompê-lo por motivos como anemia e diminuição nas doses dos medicamentos.A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 3% da população mundial, cerca de 170 milhões de pessoas, estejam infectadas pelo HCV, causador da hepatite C. O vírus é transmitido por meio do contato com sangue contaminado.Segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, a inflamação do fígado ocorre na maioria das pessoas que adquirem o HCV. A doença, dependendo de fatores como intensidade e condições do tratamento, pode causar cirrose e/ou câncer de fígado. A contaminação pode acontecer em transfusões de sangue contaminados e que não tenham sido previamente analisados; uso compartilhado de seringas e acidentes profissionais.Outra possibilidade, segundo Figueiredo, é a contaminação por objetos cortantes ou perfurantes, como alicates de unha não esterilizados, agulhas de acupuntura não-descartáveis e equipamentos usados em procedimentos como piercing. “Qualquer equipamento que possa veicular sangue de uma pessoa para outra deve ser evitado. São riscos hipotéticos, mas são riscos”. Ela lembra que alguns cuidados garantem proteção, como utilizar o próprio alicate de unha, mesmo em salões de beleza que esterilizem seus materiais.