Agência Lusa
Genebra (Suíça) - O Brasil acusou os países desenvolvidos de serem injustos com o mundo em desenvolvimento nas negociações de liberalização comercial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Perante a imprensa, o diplomata Roberto Azevêdo, principal negociador brasileiro, afirmou, no conselho-geral do organismo, que os países ricos querem impor às nações em desenvolvimento a redução das tarifas sobre os produtos industriais, ao mesmo tempo em que tentam escapar das negociações sobre o comércio dos produtos agrícolas."Os Estados Unidos, a União Européia e os outros países desenvolvidos escolhem o que lhes agrada no texto sobre a agricultura [proposto pela OMC] e rejeitam o que não lhes agrada. Por outro lado, esperam que os países em desenvolvimento aceitem o texto sobre os produtos industriais dizendo-lhes 'é pegar ou largar'", declarou Azevedo."É francamente injusto, despropositado e irracional", completou.Os negociadores da OMC para a agricultura e os produtos industriais entregaram em julho textos destinados a fechar as negociações da Rodada Doha, lançada em 2002 na capital do Catar.O ciclo de negociações devia ter terminado no final de 2004, mas ainda esbarra numa batalha entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento em torno dos produtos industriais e agrícolas.O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, espera chegar a um acordo sobre as grandes linhas da negociação antes do fim do ano.Apesar de se dizer otimista quanto à possibilidade de chegar a esse resultado, Azevêdo disse que os Estados Unidos procuram atribuir a outros países a responsabilidade de um eventual fracasso das negociações."É o mesmo que fazer a opinião pública acreditar que os Estados Unidos e a União Européia fizeram concessões importantes e que são os países em desenvolvimento que criam dificuldades", reclamou.