Brasileiros compram mais produtos piratas, indica pesquisa da Fecomércio

10/10/2007 - 16h49

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os brasileiros que consomem produtos piratas estão diversificando suas compras e levando para casa mais itens falsificados. É o que indica pesquisa divulgada hoje (10) pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).O levantamento mostra que, entre janeiro e agosto deste ano, o percentual de consumidores de produtos piratas até se manteve em 42%, como verificado no mesmo período do ano passado. No entanto, esses brasileiros passaram a comprar um número maior de itens piratas.Os DVDs são o principal exemplo. O percentual de consumidores que compraram DVDs falsificados saltou de 35%, no ano passado, para 53%, em 2007. Dados da Fecomércio apontam que seis em cada dez DVDs vendidos no Brasil são piratas.No levantamento, feito em parceria com o instituto Ipsos, foram ouvidos consumidores em 70 cidades brasileiras. A pesquisa mostra que também aumentou a compra de produtos piratas como óculos, relógios e brinquedos.Mas os CDs continuam sendo os campeões de vendas no mercado ilegal: assim como no ano passado, foram procurados por 86% dos que admitiram consumir produtos comercializados ilegalmente.Para o presidente da Fecomércio, Orlando Diniz, os dados são alarmantes. “A pesquisa aponta uma sinergia criminosa entre compradores e consumidores que nos mostra que a sociedade brasileira vem aceitando o mercado pirata e que ele vem se incorporando na vida das pessoas”, alertou.Os preços mais baixos foram o principal motivo alegado por 97% dos entrevistados para a compra dos produtos piratas, enquanto 6% deles afirmaram que preferem o comércio ilegal porque os produtos ficam disponíveis antes dos originais.Na opinião de Diniz, é preciso reavaliar a carga tributária, que ajuda a aumentar os preços dos produtos vendidos legalmente.Segundo ele, no Rio de Janeiro entre 37% a 43% do preço dos produtos correspondem à carga tributária. "É hora de se discutir a carga tributária. A população quer consumir mais no mercado formal, mas quer ter preços mais em conta também. Uma das formas de combater o mercado pirata é tratar da legislação tributária”, defendeu.A pesquisa também mostrou que, embora o consumo dos produtos ilegais tenha sido ampliado, 84% das pessoas reconhecem os malefícios da pirataria, como o prejuízo aos fabricantes, a sonegação de impostos e o fomento ao crime organizado.Entre os 58% dos entrevistados que disseram não ter comprado produtos ilegais, os principais motivos apresentados foram a má qualidade dos produtos, a falta de garantia e o prejuízo que a pirataria traz ao comércio formal.O temor de ser punido por comprar um produto ilegal apareceu em último lugar. Segundo Diniz, isso mostra que as ações de repressão precisam atingir também os compradores, já que a impunidade contribui para que o consumo ilegal continue em expansão.“As campanhas têm que ser mais enfáticas, mostrando que a pirataria gera violência e essa sinergia criminosa: criminoso é quem vende, mas também quem compra. A sociedade ainda não entendeu isso. Mesmo os que não compram tem uma visão equivocada, isso quer dizer que, se a qualidade dos produtos piratas melhorar, eles vão comprar.”Para o presidente da Fecomércio, outro problema é muitos brasileiros acreditam que  a pirataria é uma forma de se combater o desemprego. “As pessoas entendem que, ao consumir produtos piratas, estão tirando outras pessoas da marginalidade, quando na verdade é o contrário. Por causa da pirataria só no ano de 2006 cerca de 2 milhões de empregos deixaram de ser gerados no país”, argumentou.