Fiscais de trabalho escravo continuam parados

03/10/2007 - 21h38

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) realizou hoje (3) reunião extraordinária para analisar a situação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e tentar convencer os fiscais a retornar imediatamente ao trabalho. Não conseguiu.A Secretaria de Inspeção do Trabalhodo ministério suspendeu por tempo indeterminado as açõesde combate ao trabalho escravo alegando uma desqualificação feita pela ComissãoTemporária Externa do Senado. Os senadores questionam a existência detrabalho escravo na fazenda Pará Pastoril Agrícola(Pagrisa), no Pará, e pedem a apuraçãode eventuais abusos durante a fiscalização,em junho.Durante a reunião de hoje, realizada na Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), o presidente da Conatrae e ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse que a fiscalização deve ser retomada em breve.“Isso praticamente está assegurado. O que existe ainda é a necessidade de um dia, dois dias, alguns poucos dias de diálogo interno no Grupo Especial de Fiscalização Móvel e com o ministro do Trabalho [Carlos Lupi]. Então o que se anunciou aqui hoje é que em pouco tempo será formalizada a retomada da atividade regular”, afirmou Vannuchi.Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu na semana passada que seja realizada uma campanha nacional para esclarecer o que é trabalho escravo e, ao mesmo tempo, demonstrar apoio à fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho.A secretária de Inspeção do Ministério do Trabalho, Ruth Vilela, responsável pela decisão de paralisar as atividades dos grupos móveis, disse que será preciso “reforçar a segurança” dos fiscais do trabalho durante as operações nas fazendas com suspeitas de trabalho escravo.Ela afirmou que terá nesta semana uma reunião com os coordenadores dos grupos móveis para decidir se suspendem a paralisação. Segundo a secretária, será necessário garantir o trabalho autônomo e independente, “sem interferência indevida”, para que os fiscais voltem ao trabalho.O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) distribuiu uma nota de apoio ao trabalho dos fiscais e de “repúdio” a denúncia de abuso de poder durante a operação na fazenda Pagrisa. O ministro Carlos Lupi não participou da reunião.