Senador critica possível influência do governo na indicação da relatoria da CPI das ONGs

03/10/2007 - 20h47

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador ValterPereira (PMDB-MS) criticou uma influência política dogoverno na retirada de sua indicação à relatoriada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs,que vai investigar repasses da União para o terceiro setor.Pereira chegou a citar que havia um veto do próprio presidenteLula no caso. Segundo ele, foi o líder o partido, ValdirRaupp, havia o comunicado sobre o veto. “O líder meconfirmou que o presidente da República fez um veemente apelopara evitar que eu fosse indicado o relator da CPI”, disse.Na semana passada, opeemedebista comandou a junto com outros 12 senadores para umaarticulação para derrubar a medida provisória(MP) que criava cargos comissionados e a Secretaria de Longo Prazo,chefiada pelo ministro Roberto Mangabeira Unger. Pereira foi orelator da medida provisória no Senado e tambémrecomendou a rejeição da matéria. Hoje (3), elese encontrou com o líder do PMDB, Valdir Raupp, para discutiro assunto. Após o encontro, ele afirmou que o partido iria seabster de indicar o relator. Com a decisão, a escolha ficarána mão do PT.Indagado como ficariasua postura política agora no Senado, com a retirada de suaindicação, Valter Pereira disse que vai avaliar o caso.“Vou ter que reavaliar com alguns companheiros o que pode serfeito. Quem acompanha as votações em plenáriosabe da minha coerência e disciplina ao partido, votando semprecom a bancada”, disse. Contudo, não descartou apossibilidade de integrar o grupo de dissidentes do PMDB, que fazoposição ao governo no Senado. “Entretanto, otravesseiro será o meu melhor conselheiro.”O líder do PMDBqualificou a relatoria da CPI como um “abacaxi”. “Estavaquerendo preservá-lo porque eu já havia o convidadopara a indicação que caberá ao PMDB no ano quevem na relatoria do Orçamento”, explicou. “O Paláciodo Planalto pode até torcer, mas jamais interferir oudeterminar que um partido faça as suas vontades”. Segundoele, cargos como esse não trazem “dividendos” políticosa nenhum parlamentar. “As relatorias das CPIs nos últimostempos tem sido um verdadeiro abacaxi. Os últimos senadoresque assumiram relatorias não tiveram sucesso nem mesmoeleitoral em seus estados.”“O PMDB estáabdicando de indicar relator, porque entendemos que não éinteresssante para o partido. Vai ser uma CPI muito complicado. Tenhoaconselhado os senadores a não assumir essa relatoria porquenão tem dado dividendos a nenhum parlamentar”, disse.Indagado se o governo não deveria ter medo dessa situaçãopor conta da votação da ContribuiçãoProvisória sobre Movimentação Financeira (CPMF),Raupp concordou: “Medo é natural, porque precisa de 49 votose não tem”, disse.