Sociedade leva problemas dos municípios para conferência de saúde de Alagoas

03/10/2007 - 15h33

Isabela Vieira*
Repórter da Agência Brasil
Maceió - Os desafios para integrar ações da sociedade e dos governos federal,estadual e municipal, além da adoção de medidas que buscam melhorar osindicadores ligados ao desenvolvimento humano, econômico e social. Esses sãotemas em debate hoje (3) no segundo dia da 6ª Conferência Estadual de Saúde deAlagoas.Cerca de 600 participantes do evento, que representam 94% dos municípiosalagoanos, entre usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), profissionais daárea, gestores dos serviços e o governo local, devem discutir problemas esoluções voltados à saúde pública no estado.Maria José Pereira, de 33 anos, é representante da Colônia de Pescadores dacidade de Belo Monte, a 230 quilômetros da capital Maceió. De acordo com ela, oposto de saúde municipal não tem um médico para atender os cerca de 7 milhabitantes. “Não tem doutor para nada. Se a pessoa tiver um ‘piripaque’,morre”, disse a pescadora. Pereira conta que os casos mais graves sãoencaminhados para os hospitais próximos.Na Conferência Estadual de Saúde de Alagoas, ela espera conversar com osecretário de Saúde do estado, André Valente, para que ele “ajude” a resolver oproblema. “Espero que ele se reúna com a gente para ver se conseguimos fazeruma ponte com o prefeito de Belo Monte e melhorar a situação na cidade”, disse.O cacique Ivanildo Santos, da etnia Kaxagó, também participa da conferênciade Alagoas. Ele conta que os 3 mil índios de sua aldeia, que ocupa umterritório não demarcado de 2 mil hectares na cidade de Porto Real doColégio, também precisam de “um compromisso do governo”. “A medicação não chega até nós, não temos água tratada e sofremos como problema da falta de higiene, sem esgoto encanado”, contou Santos. Segundoele, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) enviava cloro para tratar a água daaldeia. “Mas já faz muito tempo que não faz mais isso”, acrescentou sem saberprecisar o período. O indígena afirma também que medidas de educação tambémprecisam chegar até os Kaxagó.Da capital do estado, Cícero Oliveira traz as demandas da Federação dasAssociações de Moradores de Alagoas, que reúne 210 membros. Assim como osKaxagó, ele conta que a população de Maceió sofre com a falta de saneamentobásico: “Aqui só 30% do esgoto é encanado e tratado”.Ao se caminhar pela orla de Cruz das Almas, à 7 quilômetros do centro dacapital., é possível sentir o cheiro do esgoto jogado no mar. Segundo osecretário municipal de saúde, Théo Fortes, as obras de saneamento não têm dataprevista. Ele diz ainda que o índice de saneamento apresentado por Oliveirapode ser ainda pior.“As informações chegam a esse patamar de 30%. No saneamento, quem fez disseque fez, mas a gente não tem certeza” ressaltou em referência aos governosanteriores. “Não tem como escavar as ruas para saber”.