Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Petrobras repassará9% de reajuste para as empresas distribuidoras de gás naturalque recebem o produto importado da Bolívia. A informaçãofoi dada hoje (3), pela diretora de Gás e Energia da estatal,Graça Silva Foster, em sua primeira entrevista coletiva àimprensa depois que assumiu o cargo em substituição aIldo Sauer. “O repasse será imediato e, incluindo opreço do transporte, chegará, em média, a 9%.Será uma alta 'cheia', mas que deverá ser compensada,em parte, pela desvalorização do dólar diante doreal”, afirmou, ao detalhar para os jornalistas o Plano de Negóciospara a Área de Gás e Energia, que prevêinvestimentos de US$ 18,2 bilhões até 2012 paradesenvolver a cadeia brasileira de gás natural – que incluias áreas de Exploração e Produção,Abastecimento e Internacional. Atualmente o Brasil importa da Bolíviacerca de 30 milhões de metros cúbicos diários degás natural. O contrato, que tem validade até 2019,prevê reajustes trimestrais com base na variaçãode uma cesta de óleos no mercado internacional. Como o petróleo voltou a subir e bateurecorde histórico ao ultrapassar a barreira dos US$ 80 porbarril no mercado internacional, houve esse aumento significativo,que passou a vigorar a partir da última segunda-feira (1º).Nos dois primeiros trimestres deste ano, noentanto, como o preço do petróleo estava em queda, ogás boliviano importado pelo Brasil havia registrado queda –ou seja: o reajuste havia sido para baixo.Na segunda-feira, em entrevista aos jornalistasbolivianos, o presidente da YPFB (a estatal boliviana do petróleo)havia anunciado que o reajuste do preço do gás, sem ainclusão do custo do transporte, seria de 7,9%.Em setembro, a Petrobras já havia aumentadoem 7% para as distribuidoras o preço do gás produzidono país – aumento que, no entanto, só começoua vigorar no começo deste mês.Graça Silva Foster, porém, nãoquis estimar o percentual que será repassado pelasdistribuidoras para o consumidor final porque, segundo ela, esserepasse dependerá da influência da valorizaçãodo real e da política comercial adotada por cada uma dasdistribuidoras de gás que atuam no país.A diretora de Gás e Energia da Petrobrasinformou, ainda, que com o novo aumento, a estatal deverápassar a pagar cerca de US$ 6 por milhão de BTUs – aíjá incluídos os custos do transporte.Foster negou que a Petrobras vá adotar umapolítica de contenção do crescimento da demandausando aumentos sucessivos de preços. "Não existeessa história de aumentar preço para baixar o consumo.O que é necessário é o equilíbrio entre aoferta e demanda, para que possamos ter retorno e continuarmos ainvestir nas atividades de exploração e produção.Para isso, nós precisamos nos tornar competitivos esustentáveis no negócio de gás",acrescentou.“Acabou aquele negócio de que vamosgastar e consumir gás, pois há incentivos e subsídios.Não é dessa forma que é feito. O que nósestamos fazendo agora é trabalhar oferta e demanda de formaracional e comprometida com o mercado", concluiu.