Governo "aperta" para que bancos esclareçam como funciona sistema de tarifas, diz Febraban

03/10/2007 - 19h11

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente daFederação Brasileira de Bancos (Febraban), FábioBarbosa, afirmou hoje (3), depois de mais de uma hora de reuniãocom o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o governo "vemapertando bastante" nas negociações para que osetor esclareça como funciona a cobrança de tarifas.Barbosa disse que a instituição estáfirme no propósito de prestar esclarecimentos e dar maistransparência para que o cliente saiba o que estápagando. Mas indicou que pode haver uma diminuição novolume de empréstimos e no processo de bancarização(acesso aos serviços bancários) no Brasil. "Acho que tem havido um bom diálogo nosentido de evitar que a gente acabe entrando por um caminho queprejudique essa situação que a gente tem agora, de umaexpansão bastante grande do crédito, uma expansãobastante grande da bancarização", disse Barbosa. Ele comentou que o programa de inclusãobancária, que procura dar também aos cidadãosmais pobres o acesso a uma conta, permitiu que o país chegassehoje a 100 milhões de contas. Salientou que essas conquistas –ampliação do crédito e bancarização– podem ser prejudicados caso não haja uma compreensãoexata de como funciona esse sistema de tarias."Muitas vezes, tentamos preservar algumacoisa e acabamos prejudicando. Precisa haver compreensão dopor que são cobrados determinados tipos de serviço? Quetipo de risco existe numa operação de crédito?Sem compreender isso, pode-se tomar uma medida que, ao invésde ajudar a expansão do crédito e a bancarização,pode prejudicá-las", explicou.Tanto o ministro da Fazenda quanto o presidente doBanco Central, Henrique Meirelles, que também participou dareunião, disseram que não encaram a colocaçãodo presidente da Febraban como uma possível ameaça parao caso de o governo forçar uma redução nosvalores das tarifas."O governo está olhando esse assuntocom muita seriedade. Tomará as medidas adequadas paraassegurar de que cada vez mais o mercado seja mais competitivo, astarifas tenham preços que sejam corretos e justos para oconsumidor", disse Meirelles. Já Guido Mantega, após afirmar que aFebraban demonstra interesse em aprofundar a questão, disseque não há razão para as mudançasafetarem o crédito. "Nós não estamostabelando tarifa. Apenas estamos dizendo ao consumidor aquilo que eleestá pagando e o que ele poderia pagar num outro banco. Issonão tem nenhuma razão de para diminuir o crédito".Mantega afirmou que a maior resistência giraem torno da Tarifa de Liquidação Antecipada (TLA), queo cliente paga no momento em que quita um empréstimo. Apolêmica em torno dessa tarifa diz respeito ao compromisso queo banco faz com outras instituições ao conceder umempréstimo ao cliente. No entender dos banqueiros, ao quitarantecipadamente a dívida, o cliente deixa o banco na mãoe tem de pagar por isso porque a empresa precisa honrar o compromissofirmado com a outra instituição. "Sãoquestões complicadas, cujo o resultado não poderáser o encarecimento do crédito para o consumidor. Queremosreduzir o custo que é pago pelo consumidor", disse oministro. O ministrou Mantega comentou ainda que o principalobjetivo é dar mais transparência à cobrançadas tarifas, porque o consumidor sofre hoje pela falta de informaçãosobre o que exatamente está pagando. "A primeira questãoé saber quanto nós estamos pagando de tarifas. E comonós podemos comparar o que se paga num banco em relaçãoa outro banco. São tantas tarifas, e cada banco cobra de umjeito". Segundo Mantega, os grupos que preparam as novasregras trabalham sobre os parâmetros da padronização,simplificação e a redução da tarifas.